Boa Vista, 13 de novembro de 2020 – A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o Ministério da Saúde do Brasil e a Secretaria de Saúde do Estado de Roraima, concluíram nesta semana uma ação de testagem de HIV, sífilis e hepatites B e C, no abrigo Rondon III, que acolhe a população refugiada e migrante no município de Boa Vista.
A atividade faz parte de um projeto de prevenção combinada de infecções sexualmente transmissíveis, que conta com a parceria e financiamento do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS).
As ações tiveram início no final de setembro, com a capacitação dos membros dos comitês de saúdes de três abrigos no estado – Janokoida (no município de Pacaraima), Pintolândia e Rondon III (ambos em Boa Vista) – para prevenção de IST entre a população refugiada e migrante de Roraima. As pessoas atendidas vieram da Venezuela e foram abrigadas pela Operação Acolhida, do Governo Federal do Brasil.
O abrigo Pintolândia, que acolhe venezuelanos indígenas das etnias Eñepa e Warao, já havia recebido a ação de testagem no dia 5 de novembro e o Janokoida, que acolhe indígenas Warao, em 26 e 27 de outubro.
A prevenção combinada envolve uma série de medidas para controlar e reduzir a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis (IST). Além da testagem regular para HIV, hepatites virais e outras IST, são utilizadas a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP); a prevenção da transmissão vertical (de mãe para o bebê durante a gestação, parto ou amamentação); a imunização contra as hepatites A e B e o papilomavírus humano (HPV); a Profilaxia Pós-Exposição (PEP); o uso de preservativo masculino, feminino e gel lubrificante; e o diagnóstico e tratamento de todas as pessoas vivendo com HIV/aids.
“Todos esses temas são tratados de forma aberta, sem julgamentos ou preconceitos, visando cuidar da saúde das pessoas e controlar a transmissão das IST. A prevenção combinada tem se demonstrado efetiva nisso”, afirma Marcelo Araújo Freitas, consultor de HIV, IST e Hepatites Virais da OPAS e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“É importante, porque dá a oportunidade de o outro conhecer as formas de prevenção. A pessoa não vai ficar atrelada a só uma forma de prevenção, como o uso do preservativo. Tem o preservativo masculino, feminino, o autocuidado, autoteste, saber a sorologia. A prevenção combinada vem ampliar o acesso da população como um todo no autocuidado e na redução da transmissão do HIV/aids, hepatites virais e outras IST”, avalia Valdirene Oliveira Cruz, coordenadora-geral de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Roraima.
“As pessoas precisam ser acolhidas pelo sistema de saúde para que tenham segurança e autonomia em relação às escolhas de prevenção. Conhecer as ISTs e realizar testagem são formas de prevenir a transmissão do HIV e garantir que o tratamento esteja disponível o mais rápido possível para as pessoas que precisem. Dessa forma, é possível baixar a carga viral e ter mais qualidade de vida”, destaca Claudia Velasquez, diretora e representante do UNAIDS no Brasil.
Para melhor alcançar a população migrante, o Ministério da Saúde e a OPAS treinaram e mobilizaram agentes de prevenção combinada, que também migraram da Venezuela. “Nós organizamos oficinas de capacitação para que essas pessoas, que já eram lideranças em suas comunidades, pudessem atuar dentro dos abrigos em que vivem com ações de prevenção entre pares. O diálogo e sensibilização podem ser muito mais efetivos quando baseados em confiança e troca de experiências e vivências semelhantes”, explica Akemi Kamimura, consultora de Direitos Humanos da OPAS e da OMS.
Os abrigos Janokoida, Pintolândia e Rondon III foram instalados pelo Governo Federal do Brasil, em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), e têm juntos capacidade para cerca de 2.400 pessoas.
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