OMS, St. Jude e OPAS iniciam distribuição de medicamentos essenciais para o câncer infantil

Mãe com filho, que está em uma cama de hospital
St. Jude Children's Research Hospital, Inc.
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Equador será um dos primeiros países a receber um envio

11 de fevereiro de 2025, Genebra / Memphis – A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o St. Jude Children’s Research Hospital (Hospital de Pesquisa Pediátrica St. Jude) começaram a distribuir medicamentos essenciais contra o câncer infantil em dois dos seis países piloto, por meio da Plataforma Global para Acesso a Medicamentos contra o Câncer Infantil. Esses medicamentos estão sendo atualmente fornecidos à Mongólia e ao Uzbequistão, e novos envios estão previstos para o Equador, Jordânia, Nepal e Zâmbia. Aproximadamente 5 mil crianças com câncer, internadas em pelo menos 30 hospitais, poderão se beneficiar dos tratamentos este ano.

A Plataforma Global é a primeira iniciativa desse tipo. Os países na fase piloto receberão um suprimento contínuo e gratuito de medicamentos para o câncer infantil com garantia de qualidade. Nos países de baixa e média renda, as taxas de sobrevivência ao câncer infantil costumam ser inferiores a 30%, significativamente menores do que nos países de alta renda. Seis outros países foram formalmente convidados a aderir à plataforma.

A iniciativa está posicionada para se tornar a maior do mundo, com a meta de alcançar 50 países nos próximos 5 a 7 anos. Seu objetivo é fornecer medicamentos para o tratamento de aproximadamente 120 mil crianças com câncer em países de baixa e média renda, reduzindo significativamente as taxas de mortalidade.

"Por muito tempo, crianças com câncer não tiveram acesso a medicamentos que salvam vidas", afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. "Esta parceria única entre a OMS e o St. Jude está trabalhando para fornecer medicamentos contra o câncer, com garantia de qualidade, para hospitais pediátricos em países de baixa e média renda. A OMS tem orgulho de fazer parte desta iniciativa conjunta com o St. Jude, trazendo saúde e esperança para crianças em todo o mundo."

Todos os anos, estima-se que 400 mil crianças em todo o mundo desenvolvam câncer. A maioria delas, vivendo em cenários com recursos limitados, não consegue obter ou pagar pelos medicamentos contra a doença de forma contínua. Calcula-se que 70% das crianças nessas condições morram de câncer devido a fatores como falta de tratamento adequado, interrupções no tratamento ou medicamentos de baixa qualidade.

"As chances de uma criança sobreviver ao câncer dependem amplamente do lugar onde ela nasce, tornando essa uma das desigualdades mais marcantes na saúde global", disse James R. Downing, MD, presidente e CEO do St. Jude. "O St. Jude foi fundado a partir do sonho de Danny Thomas de que nenhuma criança deveria morrer no início da vida. Ao desenvolver essa plataforma, acreditamos que esse sonho poderá se tornar realidade para todas as crianças com câncer, independentemente de onde vivam."

Câncer infantil nas Américas

A disparidade no acesso ao tratamento do câncer infantil é especialmente preocupante na América Latina e no Caribe, onde cerca de 30 mil crianças e adolescentes com menos de 19 anos são diagnosticados com a doença anualmente. Desses, quase 10 mil morrem em decorrência do câncer. Na América do Norte, mais de 80% das crianças com câncer são curadas, enquanto nos países da América Latina e do Caribe essa taxa cai para cerca de 55%, principalmente devido a desafios nos sistemas de saúde, incluindo o acesso limitado a medicamentos acessíveis e com garantia de qualidade.

O St. Jude e a OMS anunciaram a criação da Plataforma Global em 2021 para garantir que crianças ao redor do mundo tenham acesso a tratamentos que salvam vidas. A plataforma reúne governos, a indústria farmacêutica e organizações não governamentais em um modelo colaborativo único, focado na criação de soluções para crianças com câncer. Sua abordagem participativa atende às necessidades mais amplas dos países, com ênfase no fortalecimento de capacidades e na sustentabilidade a longo prazo.

O Equador é o primeiro país das Américas a receber medicamentos essenciais para o tratamento do câncer infantil por meio do Fundo Estratégico da OPAS, com os primeiros envios previstos para fevereiro. Em preparação para essa iniciativa, o Equador avançou significativamente na oncologia pediátrica, incluindo a introdução de formulações pediátricas, a harmonização de protocolos de tratamento, a melhoria na quantificação de medicamentos e o fortalecimento da armazenagem e distribuição em 13 hospitais com unidades especializadas em oncologia pediátrica. El Salvador também será incluído na plataforma ainda este ano.

"A chegada dos medicamentos da plataforma ao Equador ajudará a melhorar o acesso a tratamentos que salvam vidas e fortalecerá a oncologia pediátrica", afirmou Anselm Hennis, diretor de Doenças Não Transmissíveis e Saúde Mental da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). "A expansão da plataforma para El Salvador ampliará os esforços regionais para garantir um acesso equitativo aos medicamentos contra o câncer infantil", acrescentou.

Além da plataforma, o Fundo Estratégico da OPAS desempenha um papel essencial não apenas na aquisição de medicamentos para os países participantes da iniciativa, mas também na garantia de acesso a tratamentos essenciais contra o câncer em toda a região. Os esforços interprogramáticos incluem a introdução de formulações pediátricas, a harmonização de protocolos de tratamento, a melhoria da quantificação e o fortalecimento da armazenagem e distribuição, reforçando o compromisso do Fundo em ampliar o acesso a tecnologias de saúde que salvam vidas.

A Plataforma Global oferece um suporte abrangente, desde a consolidação da demanda global até a organização do mercado, auxiliando os países na seleção de medicamentos e no desenvolvimento de padrões de tratamento. Representa um modelo transformador para a comunidade global de saúde, promovendo a colaboração para enfrentar desafios sanitários, especialmente no cuidado de crianças e no tratamento de doenças não transmissíveis. Para alcançar esses objetivos, o St. Jude e a OMS trabalham em parceria com a Divisão de Suprimentos da UNICEF e o Fundo Estratégico da OPAS.