Perguntas e respostas sobre o vírus zika e suas consequências

Atualizado em fevereiro de 2017

Como as pessoas são infectadas pelo vírus zika?

O vírus zika é transmitido primariamente às pessoas por meio da picada de um mosquito Aedes infectado, que também pode transmitir chikungunya, dengue e febre amarela.

O vírus zika também pode ser transmitido por meio de relação sexual e foi detectado em sêmen, sangue, urina, líquido amniótico e saliva, bem como em fluidos corporais encontrados no cérebro e medula espinhal.

O vírus zika pode representar um risco para a segurança do sangue. Pessoas que doaram sangue são encorajadas a notificar ao serviço de transfusão de sangue se, subsequentemente, apresentaram sintomas de infecção pelo zika ou se foram diagnosticadas dentro de 14 dias depois da doação de sangue.

Quais são os sintomas da infecção pelo vírus zika?

O vírus zika geralmente causa uma doença leve. Os sintomas mais comuns incluem febre baixa ou erupção cutânea (exantema), que aparecem alguns dias após a picada do mosquito infectado. Embora muitas pessoas com o vírus não apresentem sintomas, outras podem sofrer também de conjuntivite, dores musculares e articulares e cansaço. Os sintomas costumam durar de dois a sete dias. Não existe diferença nos sintomas registrados por gestantes infectadas e mulheres não grávidas.

Como a infecção pelo vírus zika é diagnosticada?

O diagnóstico é baseado nos sintomas e no histórico recente do paciente (como picadas de mosquitos ou viagens para áreas com circulação do vírus). Testes laboratoriais podem confirmar a presença do zika no sangue, entretanto, esse diagnóstico pode não ser tão confiável, já que o vírus poderia reagir de forma cruzada com outros vírus como o da dengue e febre amarela. Um teste confiável de diagnóstico é uma prioridade nas áreas de pesquisa e desenvolvimento.

Como a infecção pelo vírus zika é tratada?

Os sintomas da doença podem ser tratados com medicamentos comuns para dor e febre, descanso e reposição de líquidos. Se os sintomas piorarem, as pessoas devem procurar auxílio médico.
 

O que é microcefalia?

A microcefalia é uma condição em que a cabeça do bebê é menor do que a cabeça de crianças com a mesma idade e mesmo sexo. Ela acontece tanto quando há problemas no útero, o que faz com que o cérebro do bebê pare de crescer adequadamente, o que também pode ocorrer após o nascimento. Crianças nascidas com microcefalia muitas vezes apresentam dificuldades de desenvolvimento à medida que envelhecem. Em alguns casos, crianças com essa condição se desenvolvem normalmente. A microcefalia pode ser causada por uma variedade de fatores ambientais e genéticos, como a Síndrome de Down; exposição a drogas, álcool ou outras toxinas no útero; e infecção por rubéola durante a gravidez.

O que é a síndrome congênita do vírus zika?

Além da microcefalia congênita, uma série de manifestações têm sido notificadas entre bebês com até quatro meses de idade expostos ao vírus zika no útero. Entre elas, estão malformações na cabeça, movimentos involuntários, convulsões, irritabilidade e disfunção do tronco cerebral, com problemas de deglutição, contraturas de membros, anormalidades de audição e visão e anomalias cerebrais. Outras consequências associadas à infecção pelo vírus zika no útero podem envolver abortos espontâneos e natimortos. O espectro de anormalidades congênitas associadas à exposição dos fetos a esse vírus durante a gestação é conhecido como "síndrome congênita do vírus zika".

Nem todas as crianças com síndrome congênita do vírus zika apresentam microcefalia. Por outro lado, a ausência de sinais da síndrome, principalmente quando avaliada no útero, não significa necessariamente que o feto ou recém-nascido não tenha anormalidades. Um exemplo: anormalidades auditivas não podem ser avaliadas no útero, apenas após o nascimento. Alguns sinais, como convulsões, também se desenvolvem após esse período.

O que é Síndrome de Guillain-Barré?

A Síndrome de Guillain-Barré é uma condição rara na qual o sistema imunológico de uma pessoa ataca seus nervos. Pessoas de todas as idades podem ser afetadas, mas a doença é mais comum em homens adultos. A maioria das pessoas se recupera completamente, inclusive nos casos mais graves da Síndrome de Guillain-Barré. Em 20% a 30% das pessoas com essa condição, os músculos peitorais são afetados, o que dificulta a respiração. Casos graves são raros, mas podem resultar em paralisia quase total e/ou morte.

Qual é a relação entre o zika, a microcefalia e a síndrome de Guillain-Barré?

Com base em uma revisão sistemática recente publicada de pesquisas atuais, a OMS reafirmou seu posicionamento de que a infecção pelo vírus zika durante a gravidez é uma causa de anormalidades cerebrais congênitas, incluindo microcefalia, e refinou sua posição sobre a relação entre o zika e a síndrome de Guillain-Barré, afirmando que a infecção pelo vírus é um gatilho para essa condição.

Quais eventos levaram a OMS a investigar uma relação de causalidade?

Um surto de zika no Brasil, identificado no início de 2015, foi seguido de um aumento anormal de microcefalia entre os recém-nascidos, bem como um aumento no número de casos de Síndrome de Guillain-Barré. Em 2013 e 2014, o vírus zika causou um surto na Polinésia Francesa com cerca de 28 mil pessoas infectadas, incluindo casos da Síndrome de Guillain-Barré. Os surtos nas Américas levaram a uma nova investigação do que ocorreu no país. Olhando retrospectivamente, essa epidemia pode ter sido ligada também à microcefalia. Pesquisas sobre a propagação geográfica do vírus zika e suas consequências continuam.

Há outras explicações para a microcefalia e a Síndrome de Guillain-Barré?

A Síndrome de Guillain-Barré e a microcefalia são condições com um número de causas subjacentes, gatilhos e efeitos neurológicos. A microcefalia pode resultar, entre outras coisas, de infecções durante a gravidez, exposição a produtos químicos tóxicos e anormalidades genéticas. A Síndrome de Guillain-Barré é frequentemente precedida por uma infecção, que pode ser bacteriana ou viral. Essa condição também pode ser engatilhada por administração de vacinas e cirurgias.

Os cientistas não excluem a possibilidade de que outros fatores podem se combinar à infecção pelo vírus zika e causar distúrbios neurológicos. Um melhor entendimento da infecção pelo vírus zika e suas consequências é uma das prioridade de pesquisa.

Em quais locais o vírus zika circula?

A transmissão local do vírus zika pelos mosquitos Aedes tem sido notificada nos continentes da África, nas Américas, no sudeste asiático e no Pacífico Ocidental.

Existem dois tipos de mosquitos Aedes conhecidos por serem capazes de transmitir o zika. Na maioria dos casos, ele é propagado pelo Aedes aegypti em regiões tropicais e subtropicais. O Aedes albopictus também transmite o vírus e pode hibernar para sobreviver em regiões com temperaturas mais baixas. Ambas as espécies procriam e vivem perto ou dentro de habitações humanas, preferindo picar seres humanos a animais.

Um estudo conduzido pela Fiocruz Pernambuco detectou a presença do vírus zika em mosquitos Culex quinquefasciatus. Estudos laboratoriais recentes têm mostrado que as espécies Culex são experimentalmente incapazes de transmitir o vírus zika e é improvável que eles desempenhem um papel na atual epidemia.

O Aedes pode voar de um país ao outro ou de uma região a outra?

Aedes não consegue voar por mais de 400 metros. Entretanto, existe a possibilidade do mosquito ser transportado de um lugar para outro acidentalmente e introduzir o vírus zika em novas áreas.
 

Qual o papel da vigilância do mosquito em relação ao vírus zika?

O monitoramento dos números e distribuição geográfica dos mosquitos ao longo do tempo (vigilância) ajuda na tomada de decisões adequadas e oportunas sobre a melhor forma de manejar populações de mosquitos.

A vigilância pode servir para identificar áreas onde tenha ocorrido uma infestação de alta densidade de mosquitos ou períodos nos quais a população de mosquitos aumenta. Nas áreas nas quais os mosquitos não estão mais presentes, a vigilância do mosquito é fundamental para detectar a introdução de novos mosquitos antes que eles se espalhem e se tornem difíceis de eliminar. O monitoramento da suscetibilidade das populações de mosquitos aos inseticidas também deve ser parte integrante de qualquer programa que utilize esses produtos. A vigilância é um componente importante do programa de prevenção e controle, uma vez que fornece as informações necessárias para avaliações de risco, resposta às epidemias e avaliação do programa.

Qual o papel do controle vetorial em relação ao vírus zika?

O controle de mosquitos é um importante componente de prevenção e gerenciamento do vírus zika e complicações. A OMS encoraja os países afetados e seus parceiros a intensificar o uso das atuais intervenções de controle dos mosquitos como a linha de defesa mais imediata. A OMS recomenda abordagens que ataquem todos os estágios de vida do mosquito Aedes, desde os ovos, estágio larval até a vida adulta.

Entre as intervenções atuais estão a borrifação residual direcionada às áreas de repouso de mosquitos Aedes adultos; a pulverização de inseticidas a ultra-baixo volume com equipamento costal motorizado e termo-nebulização manual no intra e peridomicílio onde os mosquitos descansam e picam; eliminação de larvas do mosquito Aedes em criadouros com água parada e proteção pessoal contra picadas de mosquitos. Se os métodos atuais são implementados de uma forma oportuna, abrangente e sustentável, com a participação da comunidade, junto com outras medidas, o controle vetorial pode ser eficaz. Além disso, a OMS encoraja os países e seus parceiros a testarem judiciosamente novas ferramentas de controle que podem ser potencialmente aplicadas no futuro.

As recomendações de controle de vetores da OMS dirigidas às espécies Aedes também são muito eficientes contra outros mosquitos vetores. A gama de métodos para reduzir mosquitos, incluindo a pulverização das paredes dentro das casas, pulverização em espaços internos, controle larval e eliminação de criadouros. O controle do mosquito é recomendado junto às medidas de proteção pessoal, como o uso de repelentes, uso de mosquiteiros durante o dia e à noite, redes em janelas e portas e telas de malha de arame.

O que as pessoas podem fazer para se protegerem da picada de mosquitos?

A melhor forma de se proteger contra o zika é prevenir as picadas de mosquitos. Entre as medidas de proteção estão:

  • Vestir roupas que cubram o máximo possível do corpo (preferencialmente de cores claras);

  • Usar repelentes que contenham DEET (diethyltoluamide) ou IR 3535 ou Icaridin, que são os princípios ativos mais comuns em repelentes. O produto deve ser aplicado nas áreas expostas da pele ou nas roupas e deve ser utilizado de acordo com as instruções do rótulo, especialmente no que diz respeito à duração da proteção e tempo de reaplicação. Se repelentes e protetores solares forem usados juntos, o protetor deve ser aplicado primeiro e o repelente em seguida.

  • Utilizar barreiras físicas, tais como telas comuns ou tratadas com inseticidas em janelas e portas;

  • Dormir embaixo de mosquiteiros durante o dia e à noite;

  • Identificar e eliminar potenciais criadouros de mosquitos, esvaziando, limpando ou cobrindo recipientes com água (baldes, vasos de flores e pneus);

  • Programas nacionais podem direcionar corpos de água e resíduos de esgoto (saídas de tanques sépticos devem ser cobertas) com intervenções de água e saneamento.

Como as mulheres grávidas podem se proteger das picadas de mosquitos?

Mulheres que estão grávidas ou planejam a gravidez e seus parceiros sexuais devem ter um cuidado extra na hora de se protegerem das picadas do mosquito que transmite o vírus zika. Gestantes que moram em áreas onde há transmissão do zika devem seguir as mesmas orientações de prevenção que a população em geral.

Não há evidências de riscos à saúde associados ao uso de repelentes de insetos que contêm DEET, IR 3535 ou Icaridin em mulheres grávidas, desde que o produto seja utilizado de acordo com as instruções do rótulo.

Gestantes que vivem em áreas com transmissão do vírus zika em andamento  devem frequentar regularmente suas consultas pré-natais de acordo com os padrões nacionais  e cumprir as recomendações de seus provedores de saúde. Devem também iniciar as consultas pré-natais precocemente para diagnóstico, cuidados apropriados e acompanhamento se desenvolverem qualquer sinal ou sintoma de infecção pelo vírus zika.

O que as pessoas podem fazer para se protegerem da transmissão sexual do vírus zika?

Em regiões com transmissão ativa do vírus zika, os programas de saúde devem assegurar que:

  • Todas as pessoas (homens e mulheres) que foram infectadas pelo vírus zika e seus parceiros sexuais – particularmente mulheres grávidas – devem receber informações sobre os riscos da transmissão sexual do zika.

  • Homens e mulheres tenham acesso a preservativos e recebam aconselhamento sobre práticas sexuais seguras (inclusive, uso correto e consistente de camisinhas masculinas e femininas, sexo sem penetração, redução do número de parceiros sexuais e adiamento da primeira relação sexual).

  • Os homens e mulheres sexualmente ativos devem ser aconselhados corretamente e terem acesso a uma gama completa de métodos anticoncepcionais para poder fazer uma escolha informada sobre se e quando engravidar, a fim de evitar possíveis efeitos adversos na gravidez e no feto.

  • Gestante pratiquem sexo seguro ou se abstenham de atividades sexuais durante, pelo menos, toda a duração da gravidez.

  • Mulheres grávidas devem ser aconselhadas a não viajar para áreas com surto do vírus zika em curso.

Em regiões onde a transmissão do vírus zika não é ativa, os programas de saúde devem assegurar que:

  • Homens e mulheres que retornam de áreas onde o zika circula devem praticar sexo seguro ou considerar abstinência por ao menos 6 meses após o retorno para prevenir infecção sexual do vírus zika.

  • Casais ou mulheres que planejam uma gravidez e que estão voltando de áreas onde a transmissão do vírus zika ocorre, são aconselhados a esperar pelo menos 6 meses antes de tentar conceber para garantir que não há mais possibilidade de infecção pelo vírus zika.

  • Os parceiros sexuais de mulheres grávidas, regressando de áreas onde a transmissão do vírus zika ocorre, devem ser aconselhados a praticar sexo seguro ou se abster de atividade sexual durante pelo menos toda a duração da gravidez.

O que as mulheres expostas ao sexo sem proteção, que não desejam engravidar pela possibilidade de infecção pelo zika, devem fazer?

Todas as mulheres e meninas devem ter fácil acesso à contracepção de emergência, incluindo informações e aconselhamento precisos, bem como métodos acessíveis.
 

Qual seria o público-alvo para vacinação contra o vírus zika?

Em emergências, nós nos concentramos na prevenção da mais debastadora manifestação da doença, que, neste contexto, é a síndrome congênita do vírus zika. Essa é uma condição que ocorre em recém-nascidos e lactentes que foram expostos à infecção pelo zika no útero. Por isso, as mulheres em idade fértil são o grupo prioritário para vacinação. Se os recursos permitirem, homens em idade reprodutiva seriam uma segunda população-alvo.

Quais medidas são necessárias para garantir uma vacina segura e eficaz?

Uma série de medidas deve ser tomada para garantir que as vacinas contra qualquer doença sejam seguras e eficazes. Os requisitos exatos dependem da autoridade nacional responsável pela regulamentação da aprovação e licenciamento das vacinas, da gravidade da doença, da quantidade e distribuição da doença e da população-alvo. No caso do vírus zika, após uma avaliação rigorosa em estudos pré-clínicos, as vacinas candidatas serão testadas em um pequeno número de voluntários (ensaios de Fase I e Fase II) para provar sua segurança e capacidade, além da dosagem necessária para produzir resposta imune, minimizando quaisquer efeitos colaterais. Os ensaios de Fase II e III precisam demonstrar que a vacina protege a população-alvo.

Qual é o status atual do desenvolvimento da vacina contra o vírus zika?

A OMS está monitorando as vacinas candidatas no processo de pesquisa e desenvolvimento. Nós temos verificado as bases de dados dos ensaios clínicos em curso e estudos publicados, bem como dialogado com desenvolvedores a respeito de onde estão no processo – da pesquisa básica para a avaliação clínica até a aprovação regulatória, produção e, por fim, comercialização. Em janeiro de 2017, cerca de 40 vacinas candidatas estavam em processo de pesquisa e desenvolvimento. Cinco delas estão entrando, ou estão prestes a entrar, em ensaios de Fase I, nos quais a segurança da vacina e a capacidade de produzir uma resposta imune é avaliada. Espera-se que várias outras vacinas candidatas sigam para os ensaios de Fase I nos próximos meses.

Como a OMS está acelerando a pesquisa e o desenvolvimento da vacina contra o vírus zika?

As atividades de pesquisa e desenvolvimento sobre o vírus zika são coordenadas pelo R&D Blueprint for Action to Prevent Epidemics (um plano de pesquisa e desenvolvimento para ações de prevenção a epidemias) da OMS. Trata-se de um plano estratégico que permite à comunidade de pesquisa e desenvolvimento e aos reguladores acelerar a disponibilidade de testes diagnósticos eficazes, vacinas e medicamentos que possam ser usados para salvar vidas de doenças para as quais existem poucas ou nenhuma contramedida médica. O vírus zika é uma das diversas enfermidades prioritárias que se beneficiam do Blueprint (plano de pesquisa e desenvolvimento).

Quando uma vacina contra o vírus zika poderá estar disponível?

O registo da primeira geração de vacinas contra o vírus zika pode começar em 2 a 3 anos. Muitas autoridades reguladoras têm mecanismos fast-track (mecanismos que agilizam os trâmites) para revisão e aprovação de vacinas urgentemente necessárias.

Quais são as características de uma vacina ideal contra o vírus zika?

A OMS está ajudando a moldar o desenvolvimento de vacinas por meio da criação de um perfil de produto-alvo para vacinas de uso emergencial. O perfil especifica as características mínimas e desejáveis para tais produtos. Por exemplo: é preferível a administração de uma dose única da vacina contra o zika. No entanto, são aceitáveis até duas doses. A vacina deve proteger por pelo menos um ano em um contexto de emergência, mas o desejável é a imunização por vários anos. A vida útil de uma vacina deve ser de pelo menos 12 meses a menos de 20° C.

Quais são os desafios de pesquisa e desenvolvimento da vacina contra o zika?

O desenvolvimento de uma vacina contra o vírus zika é complexo. Por exemplo, ainda enfrentamos muitas incertezas sobre a doença e suas complicações. Avaliar as vacinas candidatas em áreas com baixa transmissão não é fácil. Precisamos desenvolver testes diagnósticos que possam diferenciar a infecção por zika de outras infecções virais semelhantes. Conseguir uma vacina segura e eficaz para mulheres em idade fértil poderia, no entanto, ser tecnicamente viável, com base na experiência com o desenvolvimento de vacinas para outros vírus semelhantes, como os da febre amarela, encefalite japonesa e encefalite transmitida por carrapatos.

O que acontecerá quando uma vacina estiver disponível?

Assim que a vacina estiver disponível, o Grupo Consultivo Estratégico de Peritos (Strategic Advisory Group of Experts – SAGE) sobre Vacinação, principal grupo consultivo da OMS sobre imunização, realizará uma revisão abrangente das evidências e emitirá recomendações ao(a) Diretor(a)-Geral da OMS sobre o uso otimizado de uma vacina para impacto na saúde pública. A OMS publica recomendações oficiais baseadas nas recomendações do SAGE, o que permite a pré-qualificação e compra pelas agências da ONU.

Mulheres podem transmitir o vírus zika para seus fetos durante a gravidez ou no momento do parto?

A transmissão do vírus zika de mulheres grávidas para seus fetos foi documentada.

Embora a infecção pelo vírus zika na gravidez seja uma doença tipicamente leve, um aumento incomum nos casos de microcefalia congênita e outras complicações neurológicas em áreas onde surtos ocorreram têm aumentado significativamente a preocupação com as mulheres grávidas e suas famílias, assim como entre os profissionais de saúde e elaboradores de políticas. Gestantes em geral, incluindo aquelas que desenvolveram sintomas de infecção pelo vírus zika, devem visitar seus provedores de saúde para um monitoramento frequente de suas gravidezes. 

O que as mulheres que desejam adiar suas gravidezes por preocupação com a microcefalia devem fazer?

A decisão de engravidar e de quando engravidar deve ser pessoal, com base em informações completas e acesso a serviços de saúde de qualidade. Mulheres que desejam adiar a gravidez devem ter acesso a uma ampla gama de opções de contracepção reversíveis, de longo ou curto efeito. Elas também devem ser aconselhadas sobre a dupla proteção contra infecções sexualmente transmissíveis, por meio do uso de preservativos.

Não são conhecidos problemas de segurança sobre o uso de quaisquer métodos anticoncepcionais hormonais ou de barreira para mulheres e adolescentes em risco de infecção pelo zika, mulheres diagnosticadas com o vírus ou mulheres e adolescentes em tratamento contra a infecção pelo zika.

Como as mulheres podem conduzir suas gravidezes no contexto do vírus zika e suas consequências?

A maioria das mulheres em áreas afetadas pelo vírus zika darão à luz bebês saudáveis. A ultrassonografia em tempo oportuno não prevê com segurança malformações no feto. A OMS recomenda que o exame seja repetido no segundo ou terceiro trimestre (preferencialmente entre 28 e 30 semanas) para identificar se há microcefalia no feto e/ou quaisquer anormalidades no cérebro, quando elas são mais fáceis de detectar.

Quando possível, a triagem do líquido amniótico em busca de anormalidades ou infecções congênitas, incluindo o vírus zika, é recomendada, especialmente nos casos onde os testes feitos com mulheres foram negativos para zika, mas seus ultrassons indicam anormalidades no cérebro do feto.

Com base no prognóstico de anormalidades cerebrais associadas ao bebê, a mulher – e seu parceiro, se ela desejar – deve receber aconselhamento não-diretivo para que ela, em consulta com profissionais de saúde, possa ter decisões baseadas em informações sobre os próximos passos no gerenciamento de sua gravidez.

Mulheres que carregam a gravidez a termo devem receber os cuidados e apoio adequados para gerenciar a ansiedade, o estresse e o ambiente de nascimento. Os planos para cuidado e manejo do bebê logo após seu nascimento devem ser discutidos com os pais em consulta com um pediatra ou neurologista quando possível.

As mulheres que desejam interromper a gravidez devem receber informações precisas sobre suas opções para toda a extensão da lei, incluindo a redução de danos onde o cuidado desejado não está prontamente disponível.

As mulheres, independentemente das suas escolhas individuais em relação à gravidez, devem ser tratadas com respeito e dignidade.

Mães infectadas pelo vírus zika podem amamentar seus bebês?

A OMS recomenda o aleitamento materno exclusivo nos seis primeiros meses de vida também no contexto do zika. O vírus foi detectado no leite materno, mas não há atualmente nenhuma evidência de que seja transmitido aos bebês por meio da amamentação.

O que as pessoas que viajam para áreas afetadas pelo zika devem fazer?

Os viajantes devem se manter informados sobre o vírus zika e outras doenças transmitidas por mosquitos, como chikungunya, dengue e febre amarela, e consultar as autoridades locais de saúde e viagens, caso estejam preocupados.

Mulheres grávidas devem ser aconselhadas a não viajar para áreas onde há transmissão do zika em curso; gestantes cujos parceiros sexuais vivem em ou viajam para áreas com transmissão do vírus devem assegurar práticas sexuais mais seguras ou se abster de relações sexuais durante o período da gravidez.

Qual é a resposta da OMS ao vírus zika?

O vírus zika e suas complicações, como a microcefalia e a síndrome de Guillain-Barré, representam um novo tipo de ameaça à saúde pública com consequências a longo prazo para as famílias, comunidade e países. A OMS e seus parceiros apoiam os países na preparação e resposta ao zika. Os principais pilares de trabalho, conforme delineado no Plano Estratégico de Resposta ao Zika, de julho de 2016 a dezembro de 2017, são:

  • Detecção - Desenvolver, fortalecer e implementar sistemas de vigilância integrada para a doença do vírus zika, suas complicações neurológicas e outras doenças transmitidas pelo mosquito Aedes. Isso ajuda a medir a carga da doença para orientar as intervenções de saúde pública.

  • Prevenção - Prevenir complicações associadas à infecção pelo vírus zika por meio do controle vetorial, evitando que o Aedes transmita zika, chikungunya, dengue e febre amarela para humanos; comunicar os riscos para a saúde das pessoas e engajar a comunidade em atividades preventivas.

  • Cuidado e apoio - Fortalecer os sistemas sociais e de saúde para fornecer serviços apropriados e apoio aos indivíduos, famílias e comunidades afetadas pelo zika e complicações relacionadas.

  • Pesquisa - 1) Gerar os dados e as evidências necessárias para fortalecer a saúde pública, as orientações comunitárias e intervenções para prevenir, detectar e controlar a infecção pelo vírus zika e para gerenciar suas complicações. 2) Acompanhamento e ampliação de pesquisa, desenvolvimento e disponibilidade de ferramentas de controle de mosquitos Aedes, testes de diagnóstico e vacinas.

  • Coordenação - A OMS coordena a resposta ao zika por meio de uma estreita colaboração com mais de 60 parceiros e facilita o compartilhamento de informações entre eles e os países.

Quais são as recomendações da OMS para os países?

A OMS apoia países nas áreas de detecção, prevenção, cuidado, apoio, pesquisa e desenvolvimento, de acordo com o Plano Estratégico de Resposta ao Zika. Além disso, a OMS publicou orientações técnicas para decisores políticos e profissionais de saúde em áreas críticas de preparação e resposta. Como listado nas respectivas questões acima, as recomendações variam desde como fornecer apoio psicossocial para mulheres grávidas e famílias afetadas por zika e complicações neurológicas, como diagnosticar a infecção pelo vírus em laboratórios até como proteger a saúde e a segurança dos trabalhadores em controle vetorial de emergência.   

Qual é a resposta da OPAS/OMS no Brasil?

A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) trabalha em estreita colaboração com governos e instituições de pesquisa, reunindo especialistas de todo o Brasil e do mundo para compartilhar conhecimentos e produzir orientações para profissionais de saúde, tomadores de decisão e público em geral.

Com o objetivo de ajudar o país na resposta ao vírus zika e suas consequências, a Representação da OPAS/OMS no Brasil rapidamente adquiriu no início do surto de microcefalia insumos estratégicos, como reagentes de laboratório, inseticidas e kits de diagnóstico. Também auxiliou no desenvolvimento da metodologia e critérios para a definição de casos de microcefalia e técnicas laboratoriais de diagnóstico da doença, detecção de novos casos e fortalecimento da vigilância integrada de chikungunya, dengue e zika.

Para encontrar novas formas de enfrentar o zika e suas consequências, a OPAS/OMS está ajudando a desenvolver estratégias de controle da propagação do zika e a oferecer cuidados de qualidade a famílias e bebês com síndrome congênita do vírus zika.