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Dengue

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A dengue é transmitida pela picada de um mosquito infectado. É uma doença que afeta pessoas de todas as idades, com sintomas que incluem febre baixa ou alta, acompanhada de forte dor de cabeça, dor retro-ocular (atrás dos olhos), mialgias e artralgias e exantema. A doença pode progredir para formas graves, caracterizadas principalmente por choque, dificuldade respiratória e/ou comprometimento orgânico grave. A dengue tem comportamento sazonal, ou seja, no Hemisfério Sul a maioria dos casos ocorre durante o primeiro semestre do ano, porém, no Hemisfério Norte os casos ocorrem principalmente no segundo semestre. Esse padrão de comportamento corresponde aos meses mais quentes e chuvosos.

Nas Américas, o principal vetor responsável pela transmissão da dengue é o mosquito Aedes aegypti.

Folha informativa

Sobre a dengue

  • É transmitida pela picada de um mosquito infectado com um dos quatro sorotipos do vírus da dengue.
  • É uma doença febril que afeta bebês, crianças e adultos. A infecção pode ser assintomática ou pode apresentar sintomas que variam de febre baixa a febre alta incapacitante, com forte dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores musculares e nas articulações e erupções cutâneas. A doença pode progredir para dengue grave, caracterizada por choque, falta de ar, sangramento intenso e/ou complicações graves nos órgãos.
  • Não existe um medicamento específico para tratar a dengue.
  • A doença tem um padrão sazonal: a maioria dos casos no hemisfério sul ocorre na primeira parte do ano e a maioria dos casos no hemisfério norte ocorre na segunda metade.
  • A prevenção e o controle da dengue devem ser intersetoriais e envolver a família e a comunidade.

Sobre o Aedes aegypti

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O Aedes aegypti é o vetor que apresenta o maior risco de transmissão de arbovírus nas Américas e está presente em quase todos os países do hemisfério (exceto Canadá e Chile continental). É um mosquito doméstico (que vive dentro e perto das casas) que se reproduz em qualquer recipiente artificial ou natural que contenha água parada.

Mosquito eggs

O mosquito pode completar seu ciclo de vida, do ovo ao adulto, entre 7 e 10 dias; os mosquitos adultos geralmente vivem de 4 a 6 semanas. A fêmea Aedes aegypti é responsável pela transmissão de doenças porque necessita de sangue humano para o desenvolvimento de seus ovos e para seu metabolismo. O macho não se alimenta de sangue.

Rising sun

O mosquito é mais ativo no início da manhã e ao anoitecer, fazendo com que esses sejam os períodos de maior risco de picadas. No entanto, as fêmeas, que precisam continuar se alimentando, buscarão uma fonte de sangue em outros momentos. A fêmea Aedes aegypti se alimenta a cada 3-4 dias; no entanto, se eles não conseguem tirar sangue suficiente, eles continuam a se alimentar a cada momento que podem.

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O Aedes aegypti prefere colocar seus ovos em recipientes artificiais contendo água (principalmente tambores, barris e pneus) dentro e ao redor de casas, escolas e locais de trabalho. Ovos de Aedes aegypti podem resistir a condições ambientais secas por mais de um ano: na verdade, esta é uma das estratégias mais importantes que a espécie emprega para sobreviver e se espalhar.

Para eliminar os mosquitos, são recomendadas as seguintes ações: evite deixar água parada em recipientes ao ar livre (potes, garrafas ou outros recipientes que possam coletar água) para que não se tornem criadouros de mosquitos; cubra adequadamente os tanques e reservatórios de água para manter os mosquitos afastados; e evite acumular lixo, jogando-o fora em sacos plásticos fechados.

Fase febril

Os pacientes desenvolvem febre alta de início repentino. Essa fase febril dura de 2 a 7 dias e geralmente é acompanhada de vermelhidão facial, exantema, dor corporal generalizada, mialgias (dores musculares), artralgias (dores articulares), cefaleia e dor atrás dos olhos (retro-ocular). Podem ocorrer manifestações hemorrágicas menores, como petéquias (pequenos sangramentos que se parece uma cabeça de alfinete) e equimoses (manchas roxas) na pele. Pacientes que melhoram após o desaparecimento da febre são considerados casos de dengue sem sinais de gravidade.

Problemas que podem ocorrer na fase febril: desidratação; A febre alta pode estar associada a distúrbios neurológicos e convulsões em crianças pequenas. 

Fase crítica

Próximo ao desaparecimento ou diminuição da febre, quando a temperatura cai para 37,5 graus Celsius ou menos e permanece abaixo desse nível, isso ocorre geralmente nos primeiros 3 a 7 dias da doença, a permeabilidade capilar pode aumentar. Paralelamente aos níveis de hematócrito podem se elevar ou surgirem os sintomas indicativos de sinais de alarme. Isto marca o início da fase crítica. Pacientes que pioram com a queda da febre e apresentam sinais de alarme são considerados casos de dengue com sinais de alarme.

Problemas que podem ocorrer durante a fase crítica: choque por extravasamento de plasma; hemorragias graves, envolvimento grave de órgãos, ou seja, falência orgânica.

Fase de recuperação

Quando o paciente sobrevive à fase crítica (que não ultrapassa 48 a 72 horas), ele passa para a fase de recuperação. Há melhora do estado geral, recuperação do apetite, melhora dos sintomas gastrointestinais, estabilização do estado hemodinâmico e aumento da diurese. 

Problemas que podem ocorrer na fase de recuperação: hipervolemia (se o uso de líquidos intravenosos tiver sido excessivo ou prolongado neste período). 

Classificação revisada da dengue 

A classificação recomendada pela Organização Mundial da Saúde em 2009 é a chamada classificação revisada, que surgiu a partir dos resultados da DENCO, que incluiu quase 2.000 casos confirmados de dengue em oito países e dois continentes e estabelece duas formas para classificar a doença; dengue e dengue grave.

Diagrama revisado de classificação da dengue. A chamada dengue com sinais de alarme faz parte da forma dengue, mas é descrita separadamente porque seu conhecimento é de extrema importância para decidir condutas terapêuticas e prevenir - na medida do possível - a dengue grave.

  • Dengue sem sinais de alarme: a doença pode se manifestar como uma “síndrome febril inespecífica”. A presença de outros casos confirmados no ambiente ao qual o paciente pertence é decisiva para a suspeita do diagnóstico clínico de dengue.

  • Dengue com sinais de alarme: O paciente pode apresentar: dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, acúmulo de líquidos, sangramento de mucosas, alteração do estado de consciência, hepatomegalia e aumento progressivo do hematócrito.

  • Dengue grave: As formas graves de dengue são definidas por um ou mais dos seguintes: (i) choque por extravasamento de plasma, acúmulo de líquido com dificuldade respiratória, ou ambos; (ii) sangramento profuso considerado clinicamente importante pelos médicos responsáveis pelo tratamento, ou (iii) envolvimento grave de órgãos. fígado: AST ou ALT ≥ 1000; SNC: alteração da consciência, que inclui o coração e outros órgãos.

Diagnóstico diferencial

Ao fazer o diagnóstico clínico, deve-se ter em mente que algumas das manifestações clínicas da dengue podem ser confundidas com as de outras doenças, como por exemplo: chikungunya, Zika, malária, rubéola, sarampo, febre tifoide, meningite, gripe, entre outros. Um interrogatório e exame físico adequados são fundamentais, o contexto epidemiológico do caso também deve ser analisado, estas medidas ajudarão a estabelecer um diagnóstico clínico mais preciso. 

Diagnóstico laboratorial

É importante ressaltar que o diagnóstico da infecção por dengue é primordialmente clínico e a confirmação do caso por meio de exames laboratoriais não é necessária para o manejo do paciente. A confirmação por exames laboratoriais serve para fins de vigilância epidemiológica. 

A confirmação da infecção é feita com apoio do laboratório e depende da detecção do material genético do vírus (RNA viral), de alguma proteína do vírus (como a proteína NS1), do isolamento viral ou da determinação da presença de alguns anticorpos específicos contra vírus da dengue (DENV) no soro (sangue) do paciente. Uma amostra de sangue na fase aguda da doença (primeiros 5 dias após o aparecimento dos sintomas) deve ser colhida o mais rápido possível. Uma amostra de sangue na fase de convalescença pode ser necessária e deve ser colhida 2 a 3 semanas após o início dos sintomas. 

Os recursos laboratoriais devem ser utilizados para confirmar todos os casos de dengue com sinais de alarme e dengue grave, bem como todos os óbitos. Os casos de dengue sem sinais de alarme podem ser confirmados em um percentual que não ultrapassa a capacidade de resposta do laboratório, sendo, em média, 10 a 30% dos casos. 

  • RT-PCR (reação em cadeia da polimerase): É um método rápido, sensível, simples e reprodutível com controles apropriados. É usado para detectar RNA viral em amostras clínicas humanas, tecidos de autópsia e mosquitos. O teste é altamente sensível, com capacidade de detecção de casos positivos próxima de 100%. 

  • Detecção da proteína viral NS1: É um teste altamente sensível que é realizado por meio do ensaio imunoenzimático (ELISA). 

  • Sorologia: Consiste na detecção de anticorpos IgM contra o vírus da dengue. A técnica recomendada é o ELISA de captura ou alguma outra metodologia. 

  • Isolamento viral: Esta categoria inclui alguns testes com altos níveis de complexidade que merecem a realização por pessoal qualificado. Em geral, estes testes são realizados em laboratórios de referência nacionais e internacionais. 

  • Imunohistoquímica: Com métodos imunohistoquímicos é possível detectar o antígeno viral em uma ampla variedade de tecidos. Isto é particularmente útil para confirmação de infecções por DENV em tecidos de pacientes falecidos. 

  • Testes rápidos: Os testes rápidos (imunocromatográficos) não são recomendados como parte integrante dos algoritmos de confirmação em laboratórios. 

Não existe medicamento específico para tratar a dengue. A avaliação médica por meio de anamnese adequada e exame físico realizado por profissional de saúde é fundamental para o manejo adequado da doença. O reconhecimento dos sinais de alarme da dengue é essencial para evitar a progressão para formas graves de dengue. 

¿O que fazer se tiver sintomas de dengue? 

  • Consulte o seu médico.

  • Monitore o aparecimento de sinais de alarme. Caso algum deles apareça, procure imediatamente a unidade de saúde mais próxima.

  • Beba muito líquido para evitar a desidratação, de preferência sais de reidratação oral.

  • Não se automedique, não use ácido acetilsalicílico (aspirina), pois seu uso pode levar a sangramentos.

  • Não use antibióticos porque a dengue é causada por um vírus e os antibióticos tratam apenas doenças causadas por bactérias 

  • Em relação à vacina contra dengue Dengvaxia CYD-TDV e considerando as condições para o uso desta vacina e a falta de evidências em alguns aspectos de segurança e eficácia, o Grupo Técnico Consultivo sobre Imunizações (GTA) da OPAS reitera sua recomendação (realizada em julho de 2015) que a introdução da vacina contra a dengue nos programas nacionais de imunização a nível nacional ainda não é recomendada. 

  • A Estratégia de Gestão Integrada para Prevenção e Controle de Arboviroses é o melhor modelo de trabalho disponível para tratar a dengue. Os países das Américas devem continuar as atividades para reforçar a vigilância, a fim de melhorar o conhecimento sobre o fardo da dengue. As atividades de vigilância reforçadas são altamente importantes no contexto de surtos de outras doenças transmitidas por vetores, incluindo Zika e Chikungunya. 

  • Para mais informações consulte o Relatório Final 23 GTA (2015) e o Relatório Final Ad-hoc 01 GTA (2016)

  • Em relação à vacina contra dengue desenvolvida pela Takeda (TAK-003), consulte o Relatório da XI Reunião Ad Hoc do Grupo Técnico Consultivo da OPAS (TAG) sobre Doenças Preveníveis por Vacinação (21 novembro 2023)

Resposta da OPAS
  • A OPAS/OMS fornece assessoria e apoio técnico para prevenir e controlar a dengue. Este trabalho é realizado com base na Estratégia de Gestão Integrada para a Prevenção e Controle das Arboviroses, adotada pelos Estados Membros da OPAS/OMS em 2016 (CD55.R6).
  • Em 2008, os Estados Membros da OPAS/OMS estabeleceram uma Rede de Laboratórios de Dengue das Américas (RELDA) para fortalecer as capacidades técnicas para o diagnóstico da dengue. Atualmente, a RELDA foi ampliada para incluir a febre chikungunya e a febre Zika e hoje é composta por 40 laboratórios em 35 países da Região.
  • A OPAS/OMS está apoiando o desenvolvimento de um modelo integrado de sistema de vigilância para dengue, chikungunya e Zika. Este modelo integra vigilância epidemiológica, clínica, laboratorial e entomológica para gerar informações padronizadas e oportunas para a tomada de decisões. Em 2024 será publicado um documento técnico com as diretrizes para a vigilância epidemiológica integrada das arboviroses. As definições de casos podem ser encontradas aqui.
  • Sob o conceito de vigilância colaborativa, a OPAS/OMS desenvolve e disponibiliza espaços virtuais de colaboração (EVC) aos países. Através dos EVC, os países e a OPAS colaboram na análise em tempo real dos seus dados epidemiológicos, clínicos, laboratoriais e entomológicos, bem como na geração de relatórios e boletins automatizados.
  • A OPAS/OMS promove um pacote de cooperação técnica clínica nos países para fortalecer as capacidades nacionais de diagnóstico clínico e manejo de casos de dengue, chikungunya e Zika na Região. Este pacote inclui documentos técnicos e diretrizes clínicas, cursos virtuais de autoaprendizagem, uma aula virtual regional para treinar os treinadores e a formação de redes nacionais de especialistas clínicos em doenças arbovirais.
  • A OPAS/OMS promove o fortalecimento da capacidade regional e nacional para a prevenção e controle de vetores através da implementação do Plano de Ação sobre Entomologia e Controle de Vetores 2018-2023. Como parte deste Plano de Ação, a OPAS/OMS desenvolveu diversas iniciativas para melhorar os sistemas de vigilância entomológica, bem como o monitoramento e gestão da resistência aos inseticidas utilizados na saúde pública. Além disso, foi criado um curso virtual sobre Vigilância e Controle de Vetores de Importância para a Saúde Pública para capacitar profissionais em entomologia. Também, se promove a implementação de um novo modelo de intervenções para o controle do Aedes aegypti e se fornece apoio aos países para a implantação racional de novas tecnologias e abordagens para o controle do vetor.

Guia de mensagens-chave destinadas a indivíduos, famílias e comunidades sobre ações preventivas e de controle para combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor de dengue, chikungunya, zika e outras arboviroses na Região das Américas 


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Estratégia de gestão integrada para a prevenção e o controle de arboviroses


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