Lançado originalmente[1] durante a décima edição do Congresso Regional de Informação em Ciências da Saúde (CRICS10) em 2018, e-BlueInfo é um aplicativo disponível para sistemas Android e iOS que coloca na palma da mão dos profissionais de saúde informação confiável e atualizada selecionada por especialistas dos Ministérios da Saúde e de instituições de ensino e pesquisa dos países, além de incluir diretrizes da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e evidências científicas disponíveis nas fontes de informação da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).
Três anos após o início de seu desenvolvimento e da adoção por Brasil, El Salvador, Guatemala e Peru, a BIREME lança a versão 2.0 do aplicativo, com novas funcionalidades e conteúdo. A sessão online do lançamento ocorreu em 30 de março, com a presença de personalidades da OPAS/OMS e representantes dos Ministérios de Saúde dos países participantes.
Moderado por Diego González, Diretor da BIREME, o evento contou com a participação de mais de 300 participantes de 24 países. Em suas palavras de abertura, González falou sobre a história do e-BlueInfo, inspirado nas Bibliotecas Azuis da OMS, como fonte de informação para profissionais de atenção primária. A seguir, apresentou um vídeo gravado por Jarbas Barbosa, Diretor-Adjunto da OPAS/OMS, que ressaltou o papel do aplicativo em reduzir a inequidade no acesso e uso de informação e evidência científica em saúde, especialmente por profissionais e gestores. Ademais, destacou que os conteúdos do aplicativo contam com a contribuição dos comitês locais de Brasil, El Salvador, Guatemala e Peru. Assim, através de uma solução tecnológica de fácil utilização, os profissionais têm acesso à informação e evidência científica para tomada de decisão “na palma da mão” produzida por seus próprios países como também por organismos internacionais, como a OPAS/OMS.
Ainda que o aplicativo tenha sido criado com foco na atenção primária, os conteúdos têm se mostrado muito oportunos no manejo de casos de Covid-19. Felicitando a BIREME pela iniciativa e aos Ministérios de Saúde dos países pela adesão ao programa, Jarbas Barbosa fez votos para que outros países se unam à rede.
Na sequência, James Fitzgerald, Diretor do Departamento de Serviços de Saúde da OPAS/OMS, falou sobre “Resiliência dos sistemas de saúde”. Em sua exposição, Fitzgerald apresentou um panorama do contexto da Covid-19 e o desenvolvimento dos sistemas de saúde resilientes nas Américas.
Sobre os Sistemas de saúde resilientes, a Resolução CD55.R8 de 2016 da OPAS/OMS, reza: “Reconhecendo que a resiliência é um atributo essencial de qualquer sistema de saúde bem-desenvolvido e com bom desempenho, mediante o qual os agentes de saúde, instituições e populações preparam-se e respondem efetivamente às crises, mantêm as funções essenciais quando uma crise ocorre e, baseando-se nas lições aprendidas, reorganizam-se caso as condições o exijam”.
Partindo desta premissa, Fitzgerald traça um panorama sobre os efeitos devastadores da pandemia de Covid-19 nas Américas nos aspectos de saúde, econômicos e social. Ademais, mostra, na visão da Organização, os passos necessários para que os países da Região construam – individual e coletivamente – sistemas de saúde resilientes no mundo pós-pandemia. Enfatizou, ademais, a necessidade de fortalecer os recursos humanos em saúde e sistemas de informação, onde aplicativos móveis como o e-BlueInfo podem contribuir.
Renato Murasaki, Gerente de Metodologias e Tecnologias de Informação da BIREME, coordenador da equipe responsável pelo desenvolvimento do aplicativo, falou sobre as inovações da versão 2.0. Manifestando solidariedade às vítimas da pandemia e reconhecimento aos profissionais de saúde, Murasaki reconhece a coordenação dos Ministérios de Saúde, o apoio das Representações OPAS/OMS e a contribuição da rede de instituições de ensino e pesquisa nos países participantes. A versão 2.0 que está sendo lançada hoje vem sendo planejada, discutida e acordada há cerca de um ano com o Comitê Gestor Regional e-BlueInfo. Estatísticas do Google Analytics de uma semana atrás mostram que havia mais de 5.500 downloads do aplicativo nos quatro países que adotaram o e-BlueInfo.
Sobre as novas funcionalidades da versão 2.0, Murasaki mostrou que as mudanças vão além de uma nova interface. Há novas coleções de documentos; maior visibilidade de fontes provenientes de Ministérios de Saúde (por meio de logos); novos elementos gráficos e dados de interesse aos usuários; informação para profissionais de saúde de países que ainda não integram a rede e-BlueInfo (opção ‘outros países’); coleções de diretrizes publicadas pela OPAS/OMS; acesso a evidência científica disponível na BVS utilizando os códigos da Classificação Internacional de Doenças (CID-10); informação científica e técnica relacionada disponível na BVS; e novos tipos de conteúdo, como multimídia, legislação em saúde etc. Ademais, a versão 2.0 do aplicativo oferece a opção ao usuário para armazenar documentos favoritos e visitados (mediante autenticação).
Murasaki concluiu sua apresentação mostrando as características do conteúdo dos países participantes e da OPAS/OMS, até o momento, como número e tipos de documentos e áreas da atenção primária representadas no aplicativo, além de documentos sobre Covid-19, caso houvesse. Agradecendo aos Comitês gestores dos Ministérios de Saúde dos países e as Representações da OPAS/OMS pelo apoio, Renato reconheceu o trabalho de sua equipe, da BIREME como um todo, e da equipe de Tradução do Conhecimento e Evidências do Departamento EIH na obtenção dos resultados que foram apresentados neste lançamento.
A seguir, os representantes dos Ministérios de Saúde dos países que integram a rede e-BlueInfo fizeram suas exposições.
O Brasil foi representado por Renata de Oliveira Costa, Diretora do Departamento de Saúde da Família, da Secretaria de Atenção Primária em Saúde, falando em nome do Secretário de Atenção Primária em Saúde do Ministério da Saúde, Raphael Câmara Medeiros Parente. Agradecendo a parceria com a OPAS e com a BIREME, Renata ressaltou este importante momento em prol da ciência e da Atenção Primária. A representante da SAPS/MS reiterou o apoio da Secretaria à produção do conhecimento e na informação fidedigna para a tomada de decisão. Ressaltou ainda que a pandemia expos fragilidades no sistema de saúde que podem se tornar mais eficientes com contribuições como este aplicativo.
A seguir, Xochitl Sandoval, Diretora do Instituto Nacional de Saúde do Ministério de Saúde de El Salvador, manifestou sua satisfação de que seu país integre a rede e-BlueInfo, construída por meio de interações com instituições de saúde, de pesquisa e com a OPAS/OMS. O ecossistema de informação em saúde provido não apenas pelo aplicativo, mas pela Rede BVS, vem sendo utilizado em El Salvador intensivamente. Foi estabelecido um intercâmbio de informação em saúde entre instituições e profissionais, que muito beneficiou ao país. El Salvador incorporou informação sobre Covid-19 aos documentos disponíveis no e-BlueInfo desde o início da pandemia e esta ação posteriormente foi adotada por outros países. O INS está atualmente preparando a inclusão de novos conteúdos que serão de grande utilidade aos profissionais de saúde. Desejamos êxito à iniciativa e que outros países se unam à rede e-BlueInfo.
Fernando Carbone, Assessor do Gabinete Ministerial do Ministério de Saúde do Peru, falou a seguir, representando o Ministro de Saúde. Peru foi o segundo país, depois do Brasil, a aderir ao aplicativo, em 2019. Ele menciona a crise no Sistema de saúde causada pela pandemia em 2020, que catalisa uma mudança de paradigma, com foco em ferramentas digitais e tecnologias inovadoras. A Atenção primária, em especial, encontra nestas tecnologias, um espaço para se difundir a nível nacional. Em 2020 foi construída a Política Nacional Multisetorial de Saúde, uma iniciativa multiministerial em conjunto com a academia, a sociedade civil e o setor produtivo, no qual a informação em saúde está disponível através do aplicativo e-BlueInfo. Ademais, a telemedicina no Peru se associou ao e-BlueInfo para disponibilizar os conteúdos sobre telessaúde no aplicativo. Carbone conclui fazendo votos que mais países se unam à iniciativa, para seguir o que foi acordado na Conferência Internacional sobre Atenção Primária em Saúde em Alma-Ata[2], em 1978.
Para encerrar as contribuições dos países, Edwin Montúfar, Vice-Ministro de Atenção Primária, Ministério de Saúde Pública e Assistência Social da Guatemala, representando o Ministro da Saúde, relata que Guatemala participa da iniciativa desde dezembro de 2019. Com o apoio da comunidade acadêmica, o Ministério da Saúde disponibilizou documentos sobre Covid-19 no aplicativo, o que foi de grande utilidade para os profissionais de saúde, pesquisadores e estudantes, bem como no enfrentamento da pandemia. O aplicativo também nos permitiu melhorar a equidade no acesso à informação para tomada de decisão, e nos ajuda a desconcentrar os processos de regulação. Fazemos votos que outros países se unam à iniciativa, que para Guatemala foi um divisor de águas na Atenção primária à saúde.
Finalmente, Sebastián Garcia Saisó, Diretor do Departamento EIH, ao encerrar a sessão, falou das implicações do lançamento da versão 2.0. O Diretor de EIH falou sobre o contexto da pandemia e a necessidade de fortalecer os sistemas de saúde dos países (citando Fitzgerald). Ao se referir à ferramenta digital que apoia a tomada de decisão fornecendo informação atual e fidedigna “na palma da mão” dos profissionais de saúde, isso se traduz em uma resposta em tempo real junto às comunidades. Não se trata apenas de uma ferramenta, mas de um sistema integrado que reúne informação de uma base de dados como a BVS, acrescida de documentos selecionados pelos Ministérios de Saúde dos países, e ainda, recomendações de organismos internacionais como a OPAS e a OMS. Se trata de uma forma de dar voz a todas as instâncias de um país – governo, academia, sociedade, comitês locais – e fechar lacunas. É a contribuição da OPAS nos países por uma transformação digital no âmbito da saúde.
A incorporação de tecnologias no setor saúde foi mais lenta do que em outros setores – finanças, indústria – porém a Covid-19 impulsionou esta transição. A IS4H é um exemplo disso.
O Diretor de EIH finalizou sua intervenção com a seguinte declaração: “este lançamento promove a construção de um ambiente digital com a participação de todos para tomar melhores decisões em saúde. Felicitações a todos os que participaram em seu desenvolvimento e a todos os que o adotaram”.
Visite o site do aplicativo para mais informação: https://e-blueinfo.bvsalud.org/
A gravação da sessão virtual de lançamento da versão 2.0 está disponível no canal YouTube.
[1] Boletim BIREME n° 28. e-BlueInfo: informação na palma da mão. Disponível em: https://boletin.bireme.org/pt/2019/01/28/e-blueinfo-informacao-na-palma-da-mao/ (Acesso em 30.mar.2021)
[2] Organização Mundial da Saúde. Declaração de Alma-Ata sobre Cuidados Primários. Disponível em: https://www.who.int/publications/almaata_declaration_en.pdf (Acesso em 30.mar.2021)