A campanha convida profissionais de saúde a compartilharem testemunhos sobre como gerenciar o estresse, a ansiedade e a depressão induzidos por uma pandemia
Washington, DC, 8 de outubro de 2021 (OPAS) – Na véspera do Dia Mundial da Saúde Mental, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) está lançando uma campanha nas mídias sociais para criar conscientização sobre a carga contínua que a pandemia de COVID-19 representa para a saúde mental dos profissionais de saúde da linha de frente, convidando-os a compartilhar suas histórias e estratégias para melhor gerenciar e lidar com esse desafio adicional.
A campanha “Saúde Mental Agora - Compartilhe sua História”, reunirá histórias escritas e em vídeo de profissionais de saúde nas Américas por meio do Twitter, Facebook e Instagram, que serão compiladas e divulgadas por meio do site da OPAS e canais de mídias sociais até o final do ano. A seleção da história será baseada em critérios específicos, com o objetivo de retratar a amplitude dos efeitos da pandemia e mostrar a diversidade das Américas.
“Os profissionais de saúde se sacrificaram muito para cuidar das pessoas durante a pandemia de COVID-19 e isso afetou até mesmo sua saúde mental em muitos casos. A campanha amplificará as vozes dos profissionais de saúde para que haja mais compreensão sobre os desafios de saúde mental que enfrentam. Vai promover a escuta e o diálogo, chamando os gestores dos serviços de saúde a tomar medidas para ajudar seus trabalhadores", disse Renato Oliveira e Souza, chefe da Unidade de Saúde Mental e Uso de Substâncias da OPAS.
Dados preliminares do estudo sobre COVID-19 “HEalth caRe wOrkErS (HEROES)”, uma colaboração entre a Universidade do Chile, a Universidade de Columbia nos Estados Unidos e a OPAS, indicam que entre 5% e 15% dos entrevistados em vários países das Américas relataram pensamentos suicidas nas duas semanas anteriores à consulta para a pesquisa. Entre 15% e 22% relataram sintomas compatíveis com depressão.
O estudo tem foco no impacto da pandemia na saúde mental de profissionais de saúde em 11 países nas Américas: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Guatemala, México, Peru, Porto Rico, Uruguai e Venezuela. O estudo estará disponível em novembro.
A pandemia afetou a saúde mental não apenas de profissionais de saúde, mas também de muitas outras populações nas Américas, que enfrentaram luto pessoal, notícias sobre doença e morte, perda de empregos, crises econômicas e sociais, violência doméstica, fechamentos de escolas e desinformação generalizada. Ao mesmo tempo, os serviços para ajudar as pessoas a lidar com esses estressores foram interrompidos pela COVID-19.
Oliveira fez referência à pesquisa da OPAS/OMS de 2021 sobre a continuidade dos serviços essenciais, que mostra que os serviços de saúde mental sofreram o maior grau de interrupção, com 60% dos países nas Américas relatando interrupções este ano. “Esta situação tem sido extremamente desafiadora”, disse. “O aumento das necessidades de saúde mental é exacerbado por interrupções na prestação de serviços de saúde mental.”
Mesmo antes da pandemia, os serviços de saúde mental não eram acessíveis a muitos que deles precisavam. A lacuna de tratamento - a porcentagem de pessoas que requerem cuidados, mas não os recebem - para problemas específicos de saúde mental e uso de substâncias atingiu quase 80% em alguns lugares das Américas. Pessoas pobres, desempregadas, com menos escolaridade ou membros de grupos que frequentemente enfrentam discriminação racial e social têm menos acesso a serviços de saúde mental.
O Dia Mundial da Saúde Mental, comemorado anualmente em 10 de outubro, é organizado pela Federação Mundial de Saúde Mental e endossado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O evento reflete um compromisso global para aumentar a conscientização sobre questões de saúde mental e mobilizar apoio para o tema.