São Paulo, 28 de agosto de 2023 (BIREME/OPAS/OMS) - Realizada na Índia nos dias 17 e 18 de agosto, a Primeira Cúpula Global de Medicina Tradicional da Organização Mundial da Saúde (OMS) teve participação da BIREME em cooperação técnica com a Organização Pan-Americana da Saúde OPAS. Selecionada como uma boa prática da Região, a Biblioteca Virtual em Saúde em Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa (BVS MTCI Américas) serviu de plataforma para os produtos e serviços promovidos no espaço de exibição da Cúpula para os Escritórios Regionais da OMS. Vinte e cinco países da região estiveram representados na delegação das Américas, dentre representantes oficiais, especialistas e provedores de cuidados.
O evento foi realizado em paralelo à reunião de Ministros da Saúde do G20, e teve objetivo principal de favorecer a integração de intervenções de medicinas tradicionais comprovadamente benéficas aos sistemas de saúde. De acordo com estimativa da OMS, 88% de todos os países fazem uso terapêutico de práticas como medicinas indígenas, fitoterápicas, acupuntura e outras. Na região das Américas, 17 nações e territórios possuem leis, políticas e programas próprios para reconhecer, proteger e incluir o conhecimento embasado em tradição e ancestralidade aos seus sistemas de saúde. Assim, as organizações reconhecem que, para milhões de pessoas em todo o mundo, a medicina tradicional é o primeiro passo na busca por cuidado à saúde.
Nos últimos cinco anos, a inclusão e integração das Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas (MTCIs) aos sistemas de saúde tem sido parte dos esforços liderados pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e OMS para promover serviços de saúde centrados nas pessoas. No âmbito do Plano de Ação sobre Etnicidade e Saúde 2019-2025 da OPAS/OMS, uma das estratégias projetadas para melhorar o acesso às evidências científicas e o compartilhamento de experiências no campo foi implementada em cooperação técnica com a BIREME, por meio da publicação da Biblioteca Virtual em Saúde em Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa (BVS MTCI Américas) e do desenvolvimento de Mapas de Evidências e Vitrines do Conhecimento temáticos.
De acordo com Dr. Jarbas Barbosa, diretor da OPAS, “A implementação dessas iniciativas e o impacto da pandemia de COVID-19 deram destaque à importância das abordagens interculturais para o desenvolvimento de intervenções em saúde de qualidade, e serviços e sistemas de saúde centrados nas pessoas”. Trata-se, em última instância, de buscar contribuir com a Cobertura Universal de Saúde (CUS) para todas as pessoas, especialmente as populações marginalizadas, reduzindo as iniquidades entre os países e dentro deles.
Verônica Abdala, Gerente de Serviços e Fontes de Informação na BIREME/OPAS/OMS, conta que foram necessários três meses de trabalho para desenvolver a Plataforma de Informação das Américas exibida durante a Cúpula na Índia. “A exibição BVS MTCI Américas foi um projeto da cooperação estabelecido entre a BIREME e a Unidade de Atenção Primária de Saúde e Prestação Integrada de Serviços (PH) do Departamento de Sistemas e Serviços de Saúde (HSS) da OPAS, que contou ainda com a colaboração da Unidade de Equidade, Gênero, Direitos Humanos e Diversidade Cultural do Departamento de Determinantes Sociais e Ambientais para Equidade em Saúde da OPAS, e da Secretaria Executiva da Rede MTCI Américas”.
A cooperação compreendeu os seguintes itens: a) atualização do Portal da BVS MTCI (conteúdo e desenho); b) Desenvolvimento de novos produtos regionais de informação em Medicina Tradicional Indígena e Afrodescendente das Américas; c) Desenvolvimento de um site como um espaço único de representação regional (Américas) na Cúpula. Na Índia, visitantes da exposição da OPAS puderam conhecer de que maneira a ampla diversidade étnica, cultural e linguística encontrada na Região das Américas se manifesta em projetos e iniciativas concretas. Também foram exibidas as estratégias da OPAS que, via cooperação técnica com os países, buscam fortalecer esses esforços com o desenvolvimento de políticas e ferramentas – como a BVS MTCI Américas – para promover o acesso às melhores evidências científicas.
Dentre os resultados alcançados, destacam-se:
– Site da OPAS/AMRO para a Cúpula – criado como um espaço agregador e representativo da interculturalidade e pluralismo dos sistemas e práticas de saúde dos países das Américas.
– Vídeo de boas-vindas do diretor da OPAS, Dr. Jarbas Barbosa, e vídeo de apresentação da Medicina Tradicional das Américas, ambos produzidos com colaboração da Unidade de Comunicação da OPAS.
– Coleção com 65 pôsteres eletrônicos que representaram as experiências de integração da MTCI nos sistemas nacionais de saúde, programas e resultados de pesquisas, iniciativas institucionais e colaborativas na Região das Américas.
– Desenvolvimento e publicação de duas Vitrines do Conhecimento: Medicina Tradicional das Américas, e Etnicidade e Saúde.
– Validação dos dados do mapeamento das informações disponíveis sobre Medicina Tradicional Indígena e Afrodescendente nas Américas, no contexto da Estratégia e Plano de Ação sobre Etnicidade e Saúde 2019-2025 da OPAS/OMS; e plataforma de apresentação dos dados validados na seção de “Perfis de Países”.
A BIREME também esteve representada por seu Diretor, João Paulo Souza, que ministrou apresentação sobre os Mapas de Evidências desenvolvidos em colaboração com o Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa (CABSIN), na Sessão Paralela 1A “Mapeando as evidências: o que sabemos e como aprendemos mais”. Para João Paulo Souza, trata-se de um momento muito animador para essa comunidade, “Com o estabelecimento do Centro Global da OMS vemos surgir um campo de trabalho que nos ajudará a construir um sistema de vigilância de evidências prospectivo e contínuo sobre medicina tradicional e complementar”. Todas as apresentações e a programação oficial estão disponíveis, na íntegra, no webcast da Cúpula, no portal online do evento.
Como o Brasil assume a presidência do G20 em 2024, são boas as expectativas para a garantia de representatividade das Américas. O Secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde do Brasil, Weibe Tapeba, celebra a aprovação da 1ª Resolução sobre a Saúde dos Povos Indígenas no âmbito da Organização Mundial de Saúde (OMS) em maio de 2023, articulação em que teve liderança “Nos 75 anos de fundação da OMS, foi a primeira vez que a organização adotou uma resolução sobre saúde dos povos indígenas. Essa resolução aponta para a necessidade de fomento e valorização dos conhecimentos tradicionais e medicinas indígenas. Já a cúpula, organizada pela OMS na Índia, demonstra a necessidade do Brasil figurar como um dos países protagonistas nessa área.”