6 de julho de 2021 – Muitas mulheres em todo o mundo - principalmente as mais pobres - continuam morrendo de câncer do colo do útero, uma doença que pode ser prevenida e tratada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Human Reproduction Programme (HRP) lançaram uma nova orientação para ajudar os países a progredir mais rapidamente e de forma mais equitativa no rastreio e tratamento dessa enfermidade devastadora.
Acabando com o sofrimento devido ao câncer do colo do útero
Em 2020, mais de meio milhão de mulheres tiveram câncer do colo do útero e cerca de 342 mil morreram em consequência - a maioria nos países mais pobres. Programas de rastreio rápidos e precisos são essenciais para que todas as mulheres com doenças cervicais recebam o tratamento de que precisam e para evitar mortes.
A estratégia global da OMS para a Eliminação do Câncer de Colo do Útero, endossada pela Assembleia Mundial da Saúde em 2020, pede que 70% das mulheres em todo o mundo sejam examinadas regularmente para doenças cervicais com um teste de alto desempenho e que 90% delas precisam receber tratamento adequado. Juntamente com a vacinação de meninas contra o papilomavírus humano (HPV), a implementação dessa estratégia global poderia prevenir mais de 62 milhões de mortes por câncer do colo do útero nos próximos 100 anos.
“Programas de rastreio e tratamento cervicais eficazes e acessíveis em todos os países não são negociáveis se quisermos acabar com o sofrimento inimaginável causado pelo câncer do colo do útero”, afirmou Princesa Nono Simelela, subdiretora-geral para Prioridades Programáticas Estratégicas: Eliminação do Câncer do Colo do Útero. “Esta nova orientação da OMS guiará o investimento em saúde pública em melhores ferramentas de diagnóstico, processos de implementação mais fortes e opções mais aceitáveis de triagem para atingir mais mulheres - e salvar mais vidas.”
Mudança no atendimento
A nova orientação inclui algumas mudanças importantes nas abordagens recomendadas pela OMS para o rastreio de câncer do colo do útero. Em particular, é recomendado um teste de HPV baseado em DNA (teste de HPV-DNA) como o método preferido, em vez de inspeção visual com ácido acético (VIA) ou citologia (Papanicolau), atualmente os métodos mais comumente usados mundialmente para detectar lesões pré-cancerosas.
O teste de HPV-DNA detecta cepas de alto risco que causam quase todos os cânceres do colo do útero. Ao contrário dos testes que dependem de inspeção visual, essa ferramenta é um diagnóstico objetivo, não deixando espaço para dúvidas no processo de interpretação dos resultados.
Embora o processo de obtenção de uma amostra do colo do útero por um profissional de saúde seja semelhante à citologia ou ao teste de HPV-DNA, o teste de HPV-DNA é mais simples, previne mais pré-cânceres e cânceres e salva mais vidas do que a inspeção visual ou a citologia. Além disso, é mais custo-efetivo.
Mais acesso a insumos e auto amostragem é outro caminho a ser considerado para atingir a meta da estratégia global de testes de 70% até 2030. A OMS sugere que amostras podem ser obtidas pelo método de autocoleta a partir da introdução dos testes de HPV-DNA. Estudos mostram que as mulheres muitas vezes se sentem mais confortáveis colhendo suas próprias amostras, por exemplo, no conforto de sua própria casa, em vez de consultar um provedor de saúde para fazer o exame. No entanto, as mulheres precisam receber apoio adequado para se sentirem confiantes em lidar com esse processo.
Recomendações respondem à ligação entre HPV e HIV
Mulheres imunocomprometidas, como aquelas que vivem com HIV, são particularmente vulneráveis à doença cervical; elas são mais propensas a ter infecções persistentes por HPV e progressão mais rápida para lesões pré-cancerosas. Isso resulta em um risco seis vezes maior de câncer do colo do útero entre mulheres que vivem com HIV.
Em reconhecimento a isso, a nova orientação inclui recomendações específicas para mulheres que vivem com HIV, incluindo o uso do rastreamento primário por teste de HPV-DNA seguido por um teste de triagem se os resultados forem positivos para HPV com o intuito de avaliar os resultados quanto ao risco de câncer do colo do útero e necessidade de tratamento. As recomendações mundiais também orientam que o rastreio comece mais cedo (25 anos) do que para a população geral de mulheres (30 anos). Mulheres vivendo com HIV também precisam ser testadas novamente após um intervalo de tempo menor depois de um teste positivo e após o tratamento do que as mulheres sem HIV.
“Com essas novas diretrizes, devemos aproveitar as plataformas já desenvolvidas ao atendimento e tratamento do HIV para melhor integrar o rastreio e o tratamento do câncer do colo do útero para atender às necessidades de saúde e aos direitos do grupo diversificado de mulheres vivendo com HIV para aumentar o acesso, melhorar a cobertura e salvar vidas”, disse Meg Doherty, diretora do Departamento de Programas Mundiais de HIV, Hepatites e Infecções Sexualmente Transmissíveis da OMS.
Cada intervenção conta para eliminar o câncer do colo do útero
Os dados que mostram onde os países ao redor do mundo estão atualmente em relação à carga de câncer do colo do útero e cobertura para rastreio e tratamento devem ser publicados até o final de 2021. Esses perfis de país podem ajudar os ministérios da saúde a identificarem onde seus programas precisam de fortalecimento e medir o progresso em direção às metas de 2030.
Para que um programa de prevenção e controle do câncer do colo do útero tenha impacto, reforçar a adesão dos pacientes e garantir um tratamento rápido das mulheres com diagnóstico de HPV ou lesões pré-cancerosas são prioridades fundamentais.
“O custo e a efetividade dos testes de rastreio são importantes para expandir os programas, mas outros aspectos da abordagem de saúde pública para eliminar o câncer do colo do útero também são vitais”, alegou Nathalie Broutet, do Departamento de Saúde Sexual e Reprodutiva e Pesquisa da OMS e do HRP. “O que mais importa é a coerência do programa de cada país para garantir a continuidade da atenção: que todas as mulheres tenham acesso ao rastreio, os profissionais de saúde sejam informados em tempo hábil sobre os resultados do teste de rastreio e possam, por sua vez, compartilhar essas informações com seu paciente, e que as mulheres possam ter acesso a tratamento apropriado ou encaminhamento, se necessário.”
A OMS pede que todas as mulheres tenham acesso e façam testes regulares de rastreio do câncer do colo do útero de acordo com as recomendações das autoridades de saúde locais.