Salvador, 6 de junho de 2024 – Na quarta-feira (5/06), as sessões da 3ª reunião do GT de Saúde do G20 contaram com debates sobre os impactos das mudanças climáticas na saúde e condições pós-Covid-19 como um problema de saúde pública global.
Na sessão sobre COVID, a Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou que tem alertado continuamente sobre a persistência da COVID longa, uma condição que surge após a infecção pelo SARS-CoV-2. A OMS define a condição pós-COVID como a presença de sintomas persistentes por pelo menos três meses após a infecção inicial, sem outra explicação diagnóstica. Estes sintomas variam amplamente e afetam tanto crianças quanto adultos.
Conforme apresentado pela Organização, a definição clara da COVID longa é fundamental para a comunicação eficiente entre médicos, pacientes e outras partes interessadas, permitindo um atendimento clínico mais eficaz e o desenvolvimento de tratamentos apropriados.
A OMS ressaltou também que a COVID longa representa um desafio significativo nos níveis individual e de sistemas de saúde, aumentando os custos de saúde, a incapacidade e a perda de produtividade econômica. Por isso, deve ser trada como parte dos esforços contínuos de resposta e recuperação global.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) chamou a atenção para o gerenciamento eficaz da COVID longa, como as múltiplas definições de casos e a falta de um diagnóstico específico. A Organização sugeriu que o G20 delibere sobre COVID longa orientado por estratégias que incluam o aumento dos investimentos em pesquisas multidisciplinares para melhorar o diagnóstico e o tratamento, métodos inovadores para comunicação efetiva e oportuna das evidências científicas para a gestão clínica robusta, o acesso a intervenções terapêuticas e organização dos sistemas de saúde.
Mudanças climáticas
No painel sobre os impactos das mudanças climáticas para a saúde, a Organização Pan-Americana da Saúde chamou a atenção para a rapidez com que as condições climáticas estão afetando a saúde global. Destacou aumento do calor como um ponto crítico que afeta a saúde, exacerba condições pré-existentes e pode levar a novas doenças.
A dengue, por exemplo, é uma doença transmitida por mosquitos, que está se tornando cada vez mais prevalente devido ao aumento das temperaturas. Apenas na primeira metade de 2024, já foram registrados mais de 5 milhões de casos de dengue em todo o mundo, superando os números recordes de 2023.
A OPAS ressaltou que a região das Américas é uma das mais vulneráveis devido à sua suscetibilidade a eventos climáticos extremos, economias dependentes de setores sensíveis ao clima – como agricultura e turismo – e altos níveis de desigualdade social.
Também reforçou que as mudanças climáticas não afetam todas as populações da mesma maneira, fatores como status socioeconômico, etnia, idade, deficiência e condições de migração influenciam a vulnerabilidade das pessoas aos impactos das mudanças climáticas.
Parte das estratégias apontadas pela Organização para enfrentar os desafios e proteger a saúde pública em um mundo em constante mudança climática passa por uma ação coletiva e coordenada com foco na equidade e na participação comunitária.
Integrar o conhecimento pode fortalecer a elaboração de políticas com diferentes visões e perspectivas culturais A participação deve considerar a localização da população, gênero, orientação sexual, idade, status socioeconômico e migratório, condições de emprego, deficiência, entre outros.
A OPAS está desenvolvendo com os Estados Membros uma política para fortalecer as ações do setor de saúde nas mudanças climáticas com equidade, alinhada aos processos globais, enfatizando a importância de abordar as desigualdades na saúde no processo de adaptação e mitigação. Esta política será apresentada aos Ministros da Saúde para aprovação em setembro de 2024.
G20
O Grupo dos Vinte (G20) é um fórum de cooperação econômica internacional que se concentra em temas como saúde, comércio, desenvolvimento sustentável, agricultura, energia, meio ambiente e mudanças climáticas.
O G20 é composto por 19 países (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia) e dois órgãos regionais: a União Africana e a União Europeia.