Brasilia, 31 de julho de 2020 — A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) realizou, em conjunto com a Secretaria de Relações Internacionais e a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania do município de São Paulo, um treinamento para cerca de 40 servidoras municipais que atendem mulheres vítimas de violência na capital paulista. O treinamento ocorreu na semana passada, na Casa da Mulher Brasileira.
Em todo o mundo, a violência contra as mulheres tende a aumentar durante emergências de qualquer tipo. Por isso, os serviços de atenção a essas pessoas são essenciais durante a pandemia da COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus.
“Profissionais que prestam atendimento a mulheres em situação de violência precisam estar bem informadas e atualizadas não apenas sobre como fornecer os cuidados adequados, mas também sobre como se protegerem e protegerem as pessoas que são acolhidas nestes serviços, evitando que haja risco de infecção pelo coronavírus – principalmente, no decorrer desse atendimento”, destacou Akemi Kamimura, consultora de direitos humanos do escritório da OPAS e da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Brasil.
Durante a oficina, a equipe da OPAS abordou e discutiu uma série de questões com assistentes sociais, psicólogas e profissionais da equipe socioeducativa das unidades de acolhimento de mulheres. Entre elas, a saúde mental (tanto de quem vai atender quanto de quem receberá os cuidados, incluindo dicas sobre o que fazer e não fazer nas interações), a perspectiva de gênero (com orientações para mulheres, homens, equipes de saúde, gestores, formuladores de políticas e gerentes de serviços de saúde), as principais medidas de prevenção contra a COVID-19 e a preparação para a fase de reabertura dos serviços.
“Além de medidas básicas como uso correto de equipamento de proteção individual, apresentamos recomendações para espaços comunitários fechados. Por exemplo, os abrigos temporários e de maior permanência, visando atender as recomendações sanitárias e promover atendimento presencial seguro e ao mesmo tempo humanizado, já que o público acolhido também vivencia alguma situação de vulnerabilidade”, explicou Fabiana Ganem, consultora de Vigilância, Preparação e Resposta a Emergências e Desastres, do escritório da OPAS e da OMS no Brasil.
Segundo ela, essas medidas envolvem a reorganização da recepção, das salas de atendimento individual e coletivos e demais espaços de convivência, a oferta de água potável para consumo, e de locais adequados e funcionais para higienização das mãos, a limpeza das superfícies com soluções desinfetantes, o gerenciamento de resíduos, a ventilação adequada dos espaços, entre outras.
A missão da OPAS à São Paulo foi feita com recursos doados pelo governo do Japão. Oficinas semelhantes poderão ser organizadas em outros estados ou municípios do Brasil que tiverem interesse, considerando equipes e equipamentos da rede intersetorial, especialmente de assistência social e direitos humanos.
Dados
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicam que os casos de feminicídio tiveram um aumento de 22,2% em 12 estados brasileiros no período entre março/abril de 2019 e março/abril de 2020. Na cidade de São Paulo, os casos de violência contra a mulher cresceram 30% entre os meses de fevereiro e março de 2020, segundo o Núcleo de Gênero e o Centro de Apoio Operacional Criminal do Ministério Público de São Paulo.
“O combate à violência contra mulher durante a pandemia é questão de urgência e essa capacitação integra uma série de ações da Prefeitura para proteger as mulheres que vivem em situação de violência. A partir de agora, os atendimentos para elas poderão ser feitos de forma mais qualificada e humanizada”, afirmou o prefeito de São Paulo, Bruno Covas.