Novo relatório destaca que, embora 83% dos Estados membros da OPAS tenham incluído a violência contra as mulheres em seus planos ou políticas de saúde, apenas a metade recomenda um apoio essencial de primeira linha.
Washington, D.C., 30 de novembro de 2022 (OPAS) – A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) lançou esta semana um novo relatório avaliando a situação das respostas do setor de saúde à violência contra as mulheres, e fez um chamado para que os países acelerem a plena implementação de estratégias para enfrentar este que é um problema generalizado de saúde pública e direitos humanos na região das Américas.
O documento "Abordando a violência contra as mulheres nas políticas e protocolos de saúde nas Américas: um relatório de status regional" é o primeiro desse tipo. Ele analisa as políticas nos 35 Estados membros da OPAS e oferece um roteiro para que os sistemas de saúde se unam a um esforço multisetorial para tratar do assunto.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada três mulheres nas Américas sofre violência física e/ou sexual durante sua vida. A violência por parte de parceiros íntimos é a forma mais comum de violência contra as mulheres, e estima-se que até 66 milhões de mulheres e meninas tenham a vivenciado na região.
"Sabemos que a violência é evitável, e é por isso que o grande número de mulheres e meninas afetadas por isso em nossa região é particularmente chocante", disse Anselm Hennis, diretor de Doenças Não Transmissíveis e Saúde Mental da OPAS. "Hoje sabemos, mais do que nunca, sobre o que funciona para prevenir a violência contra as mulheres, por isso esta situação é inaceitável", acrescentou ele.
As repercussões da violência contra as mulheres são devastadoras, não apenas para sua saúde e bem-estar individuais, mas para famílias e comunidades inteiras. As conseqüências incluem problemas de saúde física, sexual, reprodutiva e mental.
O setor de saúde tem um papel fundamental na prevenção ou mitigação do impacto da violência contra as mulheres e o novo relatório destaca que 83% dos Estados membros da OPAS incluíram esta questão em seus planos ou políticas de saúde.
"Tornar a violência contra as mulheres visível e incluí-la nas políticas e planos nacionais de saúde dá o tom para o envolvimento neste importante tópico", afirmou Britta Baer, conselheira regional de Prevenção da Violência na OPAS. "Muitas vezes sem orientação e políticas dos ministérios da saúde, a questão não é priorizada pelos governos", acrescentou.
Como os profissionais da saúde freqüentemente tratam os sobreviventes da violência e são vistos como indivíduos de confiança, o relatório destaca seu papel fundamental na intervenção precoce e na prestação de cuidados e apoio essenciais. Para que isto funcione, no entanto, os trabalhadores da saúde precisam de um protocolo baseado em evidências.
O relatório mostra que 60% dos países da região têm pelo menos um protocolo desse tipo, mas adverte que é preciso fazer mais para melhorar a qualidade e alinhá-los às melhores práticas, explicou Baer, especialmente para o suporte de primeira linha.
A OPAS considera o apoio de primeira linha como um dos níveis iniciais de assistência médica que as sobreviventes da violência contra as mulheres devem receber. O apoio de primeira linha é conhecido pela sigla LIVES, que significa: ouvir com empatia, perguntar sobre suas necessidades, validar suas experiências, aumentar sua segurança e ajudá-las a se conectar com serviços adicionais. O relatório indica que apenas 54% dos Estados-Membros incluíram algum aspecto do apoio de primeira linha em seus protocolos.
Protocolos detalhados do setor de saúde são importantes, pois apoiam os trabalhadores da saúde na compreensão do que é esperado e permitem uma resposta mais rápida. "Isto é particularmente relevante na resposta à violência sexual, onde cada hora conta na prestação de cuidados de qualidade e na mitigação das conseqüências", disse Baer.
O relatório foi lançado para marcar 16 Dias de Ativismo contra a Violência Baseada em Gênero. Esta campanha internacional ocorre todos os anos entre o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher (25 de novembro) e o Dia dos Direitos Humanos (10 de dezembro) para estimular ações para prevenir e eliminar a violência contra mulheres e meninas.
"A Região tem feito progressos impressionantes e tem o potencial de liderar mudanças no terreno, compartilhando experiências com outras regiões", disse Hennis. "A COVID-19 nos fez retroceder em muitos avanços, portanto devemos nos concentrar em recuperar terreno para alcançar as metas de 2025 na prevenção da violência e responder às necessidades das mulheres e meninas nas Américas", acrescentou ele.