Brasília, 30 de janeiro de 2024 - Hanseníase, dengue, leishmaniose, esquistossomose, raiva humana transmitida por cães, escabiose (sarna), doença de Chagas, parasitoses intestinais e tracoma são algumas das mais de 20 Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) presentes nas Américas. Juntas elas causam entre 500 mil e 1 milhão de óbitos por ano na região. Para dar visibilidade a esse tema e para a população acometida por essas doenças, anualmente em 30 de janeiro é comemorado o Dia Mundial de Enfrentamento às Doenças Tropicais Negligenciadas.
Em 2024, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) fazem um chamado para todas as pessoas, incluindo líderes e comunidades para que possam “Participar, Agir e Eliminar” as DTNs e, dessa forma, garantir melhores condições de vida para as comunidades.
No Brasil, o Ministério da Saúde com apoio da OPAS está promovendo, entre os dias 30 e 31 de janeiro, um Seminário alusivo a data, com a participação de profissionais de saúde, pesquisadores e organizações que têm contribuído significativamente no enfrentamento dessas doenças.
Presente na mesa de abertura do Seminário, o coordenador da unidade de Doenças Transmissíveis e Determinantes Ambientais da Saúde do escritório da OPAS e da OMS no Brasil, Miguel Aragon, destacou que as doenças negligenciadas são fortemente influenciadas por determinantes sociais, econômicos e ambientais da saúde. Por isso, é crucial que sejam pensadas abordagens integradas e estratégias eficazes para lidar com essas doenças, com políticas inclusivas, que considerem as populações em situações de vulnerabilidade, e a alocação de recursos adequados para pesquisa, prevenção e tratamento. Além de tecnologias que aumentem a oportunidade de diagnóstico e tratamento destas doenças.
“Os desafios são conhecidos por meio da ciência, das nossas práticas, das nossas vivências e das comunidades. Precisamos trabalhar cada vez mais unidos para fazer esse enfrentamento e atingirmos as metas que temos propostas nos nossos planos, para podermos canalizar os recursos que tanto são precisos e fazermos o trabalho que precisamos fazer”, destacou.
A diretora do departamento de doenças transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), do Ministério da Saúde do Brasil, Alda Maria da Cruz, ressaltou que eliminar doenças é possível e que o país está trabalhando nessa lógica. “Nós já entregamos o dossiê para a certificação da eliminação da Filariose Linfática e temos outras doenças que já estão entrando nesta lista de eliminação”. O Brasil tem avançado no processo de redução da carga de DTNs, como a Doença de Chagas, que foi incluída na estratégia de eliminação da transmissão vertical, e do tracoma.
Estiveram presentes na mesa de abertura membros do Fórum Social Brasileiro de Enfrentamento das Doenças Infecciosas e Negligenciadas, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), do Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conasems), e do Conselho Nacional de Saúde. O Seminário segue até quarta-feira (31/01).
Doenças Tropicais Negligenciadas
O Dia Mundial das Doenças Tropicais Negligenciadas foi instituído em 2020 pela Assembleia Mundial da Saúde e é celebrado em 30 de janeiro. O tema deste ano é "Participe. Aja. Elimine. Vamos melhorar a vida de nossas comunidades combatendo as doenças tropicais negligenciadas nas Américas".
As doenças infecciosas negligenciadas são um grupo diversificado de condições mais comumente presentes em regiões de vulnerabilidades sociais, onde a segurança da água, o saneamento e o acesso aos cuidados de saúde são precários.
A OPAS vem apoiando os países das Américas para fortalecer a implementação, monitoramento e avaliação de programas para controlar e eliminar as doenças tropicais negligenciadas por meio de cooperação técnica, desenvolvimento de diretrizes e capacitação, bem como por meio da doação de medicamentos e outras ferramentas médicas, como testes diagnósticos. A Organização também possui uma iniciativa para eliminar cerca de 30 doenças infecciosas e condições relacionadas até 2030.