A Região das Américas foi a primeira a eliminar a poliomielite - uma grande conquista na saúde pública -, mas o vírus ainda circula em outros países do mundo
Washington D.C., 23 de outubro de 2020 - Os países das Américas devem manter a vacinação contra a poliomielite e a vigilância epidemiológica durante a pandemia de COVID-19 para prevenir surtos, afirmam especialistas da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). O lembrete chega à véspera do Dia Mundial de Combate à Poliomielite, celebrado em 24 de outubro.
Embora as Américas tenham sido a primeira região a ser declarada livre da pólio há mais de 25 anos, essa conquista só pode ser protegida com uma vacinação contínua e uma vigilância rigorosa. “Apesar de já termos derrotado a poliomielite uma vez, se permitirmos que as taxas de cobertura de vacinação caiam e se tornem muito baixas, estaremos mais uma vez em risco de circulação da poliomielite em nossas comunidades”, alertou a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne. “Por isso, é mais importante do que nunca fazer nossa parte para proteger e sustentar a eliminação da poliomielite em nossa região enquanto esperamos que os países de outras partes do mundo atinjam esse objetivo.”
As taxas de cobertura de vacinação contra a poliomielite nas Américas têm estado abaixo dos 95% recomendados nos últimos anos. A cobertura notificada para a terceira dose da vacina oral contra a poliomielite (OPV3) para as Américas entre 2016 e 2019 variou entre 85-87%. A cobertura em 2020 pode ser menor em muitos países devido a interrupções nas atividades de atenção primária à saúde causadas pela pandemia de COVID-19.
Cuauhtemoc Ruiz Matus, chefe do Programa de Imunização da OPAS, disse: “Agora, durante a pandemia, devemos trabalhar mais duro para não perder o que ganhamos”. Ele observou que entre os fatores importantes para o sucesso da luta da Região contra a pólio estão um forte compromisso político dos governos; comunidades engajadas e comprometidas; parcerias estratégicas e apoio entre agências internacionais, Rotary International e governos; e incansáveis profissionais de saúde que têm como meta alcançar e proteger todas as crianças com a imunização contra a poliomielite. “Sem tudo isso, não estaríamos onde estamos hoje”, alegou Ruiz.
Como a COVID-19 sobrecarregou os serviços essenciais de saúde, muitos profissionais de saúde – incluindo os de serviços de imunização e sistemas de vigilância epidemiológica para detectar doenças preveníveis por vacinas e permitir uma rápida resposta antes que os surtos aumentem – precisaram ser remanejados para a resposta à pandemia.
Américas como líder na erradicação global da pólio
As Américas notificaram seu último caso de poliomielite causada pelo poliovírus selvagem em 1991 e, em 1994, foram a primeira região a receber a certificação de eliminação do vírus. As lições aprendidas nas Américas sobre vigilância epidemiológica e iniciativas voltadas à sustentabilidade de programas de imunização por meio do Fundo Rotatório para a compra de Vacinas da OPAS foram compartilhadas com programas de imunização em todo o mundo, e agora cinco das seis regiões da OMS - representando mais de 90% da população mundial – são certificados como livres da poliomielite selvagem. Apenas dois países no mundo continuam com a transmissão: Paquistão e Afeganistão.