Brasília, 20 de abril de 2023 – Há dois dias do início da Semana de Vacinação nas Américas, o Ministério da Saúde do Brasil e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) participaram, nesta quinta-feira (20/04), do lançamento do relatório “Situação Mundial da Infância 2023: Para cada criança, vacinação” pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). A publicação faz um alerta para a urgência da retomada das coberturas vacinais que, entre 2019 e 2021, diminuíram em 112 países.
De acordo com dados do relatório apresentados, 1,6 milhão de crianças no Brasil não receberam nesse período nenhuma dose da vacina DTP, que previne contra difteria, tétano e coqueluche – a mesma quantidade em relação à vacina contra pólio.
"Atualmente, o Brasil conta com uma cobertura vacinal das mais baixas da sua história desde a criação do Programa Nacional de Imunizações. Já tivemos 95% de cobertura em relação a vacinas como a da poliomielite, e agora não chegamos a 60% de crianças vacinadas. Esse quadro tem que mudar. Para isso, de uma maneira muito clara, temos de combater o negacionismo em relação a essa proteção dada pelas vacinas e às fake news que infelizmente têm sido veiculadas de uma forma irresponsável e criminosa”, afirmou a ministra da Saúde do Brasil, Nísia Trindade.
O relatório “Situação Mundial da Infância 2023” revelou também que a percepção sobre a importância e a confiança nas vacinas para crianças diminuiu em 52 dos 55 países pesquisados. No Brasil, embora os índices continuem altos, houve uma queda de 10 pontos percentuais – antes da pandemia, 99,1% dos brasileiros confiavam nas vacinas infantis, e após o surgimento da emergência relacionada à COVID-19 essa taxa caiu para 88,8%.
O levantamento apontou ainda que as crianças não vacinadas vivem frequentemente em comunidades mais pobres, de difícil acesso, como zonas rurais ou favelas urbanas. “Essas crianças foram deixadas para trás, ficando desprotegidas de doenças sérias e evitáveis. As crianças nascidas pouco antes ou durante a pandemia agora estão ultrapassando a idade em que normalmente seriam vacinadas, ressaltando a necessidade de uma ação urgente para alcançar aquelas que perderam as vacinas e prevenir surtos e a volta de doenças”, explica Youssouf Abdel-Jelil, representante do UNICEF no Brasil.
A representante da OPAS e da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Brasil, Socorro Gross, destacou que falar de vacinação significa também falar sobre a vida e a saúde de milhões de bebês, crianças, jovens, adultos e idosos. “A vacinação é uma das principais estratégias de saúde pública que temos à disposição para prevenir doenças e salvar vidas”, destacou.
Socorro Gross também ressaltou que conquistas históricas importantes, como a eliminação da poliomielite nas Américas em 1994, correm riscos de retrocessos se as coberturas de vacinação não se mantiverem constantemente altas.
“As doenças podem voltar a se espalhar rapidamente, por isso é importante que cada um de nós assuma a responsabilidade de reconquistar e manter as coberturas de vacinação de rotina em dia, garantindo que todas as pessoas, crianças e adultos, tenham acesso às vacinas necessárias para prevenir doenças evitáveis por imunização”, reforçou.
Semana de Vacinação nas Américas
De 22 a 29 de abril de 2023, a OPAS em conjunto com os países e territórios da Região das Américas e seus parceiros, promove a 21ª Semana de Vacinação nas Américas (SVA) e a 12ª Semana Mundial de Imunização (SMI). Com o tema “Mantenha-se em dia #CadaVacinaConta”, a SVA 2023 tem o objetivo de preencher as lacunas de cobertura vacinal contra doenças imunopreveníveis.
A iniciativa começou em 2003 como parte da resposta a um surto endémico de sarampo nas Américas, ocorrido na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela em 2002. Para prevenir futuros surtos deste tipo, os ministros da saúde dos países andinos propuseram uma iniciativa internacional coordenada.
Todos os anos, mais de 40 países e territórios das Américas reúnem-se em abril para vacinar as suas populações, fazendo um esforço especial para chegar às pessoas que podem não ter acesso regular aos serviços de saúde, incluindo povos indígenas, migrantes, populações de fronteira e pessoas que vivem nas periferias.
Foto: Julia Prado/MS