OMS e parceiros lançam nova resposta liderada por países para reativar esforços contra a malária

19 de novembro de 2018 – Segundo novo relatório lançado nesta segunda-feira (19) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a redução no número de casos de malária em todo o mundo está estagnada após vários anos de declínio. Para obter uma diminuição dos casos e das mortes pela doença, o organismo internacional e seus parceiros se uniram em uma nova iniciativa liderada pelos países e colocada em prática hoje, com o objetivo de intensificar a prevenção e o tratamento da malária, além de aumentar os investimentos para proteger as pessoas vulneráveis dessa doença fatal.

Pelo segundo ano consecutivo, o relatório anual World malaria report 2018 revela um aumento no número de pessoas afetadas pela malária: em 2017, as estimativas apontavam 219 milhões de casos em comparação com 217 milhões em 2016. No entanto, nos anos anteriores, o número de pessoas que contraíram a doença globalmente esteve em declínio constante, de 239 milhões em 2010 para 214 milhões em 2015.

“Ninguém deveria morrer por malária. Mas o mundo enfrenta uma nova realidade: à medida que o progresso se estanca, corremos o risco de desperdiçar anos de trabalho, investimentos e sucesso na redução do número de pessoas que sofrem com a doença”, afirma Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “Nós reconhecemos que é necessário fazer algo diferente agora. Por isso, lançamos um plano voltado aos países e liderados por eles para empreender uma ação integral contra a malária, tornando nosso trabalho mais eficaz em nível local, onde as pessoas mais precisam.”

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Quais são os países mais afetados?

Em 2017, aproximadamente 70% de todos os casos de malária (151 milhões) e mortes decorrentes da doença (274 mil) estavam concentrados em 11 países: 10 africanos (Burkina Faso, Camarões, República Democrática do Congo, Gana, Mali, Moçambique, Níger, Nigéria, Uganda e República Unida da Tanzânia) e Índia. Foram registrados mais 3,5 milhões de casos de malária nesses 10 países africanos em 2017 em comparação com o ano anterior, enquanto a Índia mostrou progressos na redução da carga de morbidade.

Apesar do aumento na distribuição e uso de mosquiteiros tratados com inseticidas nos últimos anos na África Subsaariana – principal ferramenta para prevenir a malária –, o relatório destaca grandes lacunas na cobertura. Em 2017, cerca de metade das pessoas em risco no continente não dormiam sob mosquiteiros tratados. Além disso, menos locais estão sendo protegidos por pulverização residual interna e o acesso às terapias preventivas que protegem mulheres grávidas e crianças da malária continua muito baixo.

Resposta de alto impacto é necessária

Em consonância com a visão estratégica da OMS de intensificar as atividades para proteger a saúde das populações, pôs-se em marcha um novo plano de resposta para apoiar os países com maior número de casos e mortes por malária. Essa inciativa impulsionada pelos países é uma resposta à chamada feita pelo diretor-geral da OMS na Assembleia Mundial da Saúde em maio deste ano para que se adote uma nova abordagem, mais enérgica, que permita avançar novamente na luta contra a malária, com base em quatro pilares:

  • Reanimar a atenção política nacional e mundial para reduzir a mortalidade por malária;
  • Obter um grande impacto por meio do uso estratégico da informação;
  • Oferecer as melhores orientações, políticas e estratégias mundiais adequadas para todos os países endêmicos; e
  • Executar uma resposta coordenada nos países.

Catalisada pela OMS e pela RBM Partnership to End Malaria, “Da alta carga para alto impacto” tem base no princípio de que ninguém deve morrer por uma doença que pode ser facilmente prevenida e diagnosticada e que é totalmente curável com os tratamentos disponíveis.

“Não podemos baixar a guarda em relação à malária. O último relatório mundial sobre a doença mostra que é necessário seguir avançando, mas promovendo mudanças. A nova resposta direcionada a nível local reativará e renovará a luta contra a malária nos países mais afetados e será determinante para colocar de volta aos trilhos os esforços contra um dos maiores problemas de saúde pública que enfrentamos”, diz Kesete Admasu, CEO da RBM Partnership.

Até o presente momento, não se está avançando o suficiente para alcançar os objetivos estabelecidos na Estratégia técnica mundial da OMS contra a malária 2016-2030: reduzir a mortalidade e a morbidade por malária em ao menos 40% até 2020.

Focos de progresso

O relatório destaca alguns progressos positivos. O número de países próximos da eliminação continua a crescer (46 em 2017 contra 37 em 2010). Enquanto isso, na China e em El Salvador, onde a malária era endêmica há muito tempo, nenhuma transmissão local foi notificada em 2017, prova de que esforços intensivos de controle liderados pelos países podem reduzir o risco de contágio.

Em 2018, a OMS certificou o Paraguai como livre de malária, o primeiro país das Américas a receber esse título em 45 anos. Três outros países – Argélia, Argentina e Uzbequistão – solicitaram a certificação oficial da OMS como livres da malária.

A Índia – país que concentra 4% da carga mundial de malária – registrou uma redução de 24% nos casos em 2017 em comparação com 2016. Em Ruanda, registrou-se 436 mil casos a menos em 2017 em comparação com 2016. Etiópia e Paquistão relataram reduções acentuadas de mais de 240 mil casos no mesmo período.

“Quando os países dão prioridade à luta contra a malária, salvam vidas e reduzem o número de casos”, alega Matshidiso Moeti, diretora regional da OMS para a África. “A OMS e seus parceiros mundiais continuarão fazendo o possível para ajudar os governos, sobretudo os países mais afetados, a intensificar essa resposta.”

Financiamento interno é fundamental

Paralelamente à desaceleração da redução dos casos e das mortes por malária, o financiamento da resposta mundial também se estabilizou. Em 2017, investiu-se US$ 3,1 bilhões para programas de controle e eliminação da malária, incluindo US$ 900 milhões (28%) provenientes de governos de países endêmicos. Os Estados Unidos continuam sendo o maior doador internacional contínuo, contribuindo com US$ 1,2 bilhão (39%) em 2017.

Para atingir os objetivos estabelecidos na estratégia mundial contra a malária, os investimentos para a luta contra essa doença devem ser de, ao menos, US$ 6,6 bilhões anuais até 2020 – mais do que o dobro da quantidade disponível atualmente.