Durante um workshop regional na Argentina, a diretora da OPAS pediu aos países que aumentem investimentos em preparação para epidemias e pandemias, pois a questão não é “se haverá uma nova pandemia, mas quando”.
Buenos Aires, 17 de agosto de 2022 (OPAS) – Com o objetivo de apoiar os países da América Latina e do Caribe a desenvolverem ou atualizarem seus planos operacionais para enfrentar futuras pandemias, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) está promovendo nesta semana, em Buenos Aires, um workshop regional sobre preparação e resposta a eventos com potencial pandêmico e epidêmico. O evento considera as lições aprendidas com a COVID-19.
“Enquanto nos reunimos neste momento, continuamos lidando com a atual pandemia de COVID-19 e, ao mesmo tempo, enfrentamos um surto de monkeypox (varíola dos macacos) em vários países”, afirmou a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne. A COVID-19 “tem sido um desafio formidável” e “um duro lembrete sobre a responsabilidade que todos temos de investir na prevenção, preparação e resposta a eventos de patógenos transmissíveis”.
Etienne destacou que, na última quarta-feira, havia 170 milhões de casos e quase 3 milhões de mortes por COVID-19 nas Américas. Também observou que outros patógenos respiratórios estão ressurgindo e que a gripe sazonal causa entre 290 mil e 650 mil mortes por ano na região. “Nunca devemos esquecer que não se trata de saber se uma pandemia ocorrerá devido a um novo vírus da gripe, mas quando ocorrerá”, alertou.
“Nossa capacidade de responder às emergências de saúde depende do que fizemos antes que elas ocorram e do que aprendemos em emergências anteriores”, como a COVID-19, ressaltou a diretora da OPAS durante a abertura do workshop, que reúne especialistas técnicos em epidemiologia, laboratório, imunização e comunicação de risco dos Ministérios da Saúde da Argentina, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Nicarágua, Paraguai e Suriname.
Um plano de preparação e resposta para eventos com potencial epidêmico e pandêmico é uma das principais capacidades exigidas pelo Regulamento Sanitário Internacional (RSI), uma convenção internacional juridicamente vinculativa adotada pelos Estados Membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) para prevenir e responder a ameaças à saúde pública que podem cruzar fronteiras e afetar populações em todo o mundo.
“Sistemas de saúde funcionais são a base da segurança da saúde”, afirmou Etienne, e é essencial “assegurar as cadeias de suprimentos de vacinas, medicamentos, reagentes de laboratório, equipamentos de proteção individual e outros bens estratégicos de saúde pública” antes que ocorra a próxima emergência, além de “fortalecer a resiliência dos sistemas de saúde com recursos humanos e planejamento”.
A diretora da OPAS lembrou que dois centros na Argentina e no Brasil foram designados pela OMS para o futuro desenvolvimento e produção de vacinas usando tecnologia de mRNA, algo que deve melhorar o acesso oportuno e equitativo às vacinas na região e contribuir para a autossuficiência em saúde. “Tudo isso é fundamental para estarmos preparados para responder e ter sucesso durante emergências que ameaçam nossa região”, enfatizou.
A ministra da Saúde da Argentina, Carla Vizzotti, considerou que a pandemia de COVID-19 mostrou que a saúde “deve ser prioridade para todos”, pois “sem saúde não se pode estudar, trabalhar ou produzir”. Após indicar que o governo precisa reformular sua resposta à pandemia, Vizzotti disse que a região deve enfrentar os desafios de acesso a insumos médicos – algo aprendido durante a pandemia de COVID-19 – e “pensar em como podemos produzir e ampliar o acesso a vacinas”.
Refletindo sobre a resposta dos países à emergência, Vizzotti afirmou que “conseguimos fazer muitas coisas em muito pouco tempo. Temos que olhar para trás para ver o que aprendemos, mas também para frente, fazendo melhorias e agindo, nos posicionando melhor para a próxima pandemia”.
“A pandemia de COVID-19 ainda não acabou”, enfatizou a representante da OPAS na Argentina, Eva Jané Llopis, acrescentando que desde a declaração da emergência de saúde pública de importância internacional, em 30 de janeiro de 2020, “a resposta teve que ser ajustada, buscar financiamento e envolver outros setores” devido à sua grande abrangência e duração. “Refletir sobre o que fizemos, levá-lo ao nível das estratégias e pensar em outros desafios epidemiológicos é crucial para continuar avançando”.
A OPAS planeja realizar workshops semelhantes com outros países da região ao longo de 2022. Os resultados deste e de outros eventos integrarão a visão da região das Américas nos documentos e diretrizes globais de preparação e resposta a pandemias.