16 de junho de 2020 – A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, convocou nesta terça-feira (16) os países a “trabalharem juntos para fortalecer a resposta à saúde em seus territórios e além-fronteiras” e conter a propagação de casos de COVID-19 entre migrantes e populações vulneráveis nas áreas de fronteira.
“A maioria das cidades fronteiriças carece de uma infraestrutura de saúde robusta e a qualidade e acesso aos serviços são geralmente baixos. Devido às instalações hospitalares limitadas, estas cidades costumam contar com laboratórios de capacidade limitada e pequenas clínicas que atendem comunidades em vastas áreas de captação”, afirmou a diretora da OPAS. O aumento da transmissão de COVID-19 nessas áreas "é motivo de séria preocupação e ação imediata".
As Américas estão se "aproximando rapidamente de 4 milhões de casos e a epidemia ainda está se acelerando na região", enfatizou Etienne, com quase 204 mil mortes notificadas por COVID-19. Atualmente, os Estados Unidos respondem por 54% de todos os casos nas Américas e o Brasil possui 23% de todos os casos. “E não estamos vendo a transmissão desacelerar. Esse é o caso em quase todos os países da América Latina e alguns no Caribe.”
"Enquanto a maioria das infecções na região é notificada nas grandes cidades, onde a desigualdade econômica e a densidade populacional alimentam a transmissão, nossos dados mostram uma tendência preocupante em direção à alta transmissão nas áreas de fronteira" - Carissa F. Etienne, diretora da OPAS
Como exemplo, a OPAS continua preocupada com o Haiti e a República Dominicana, que compartilham uma fronteira ativa e continuam notificando um aumento no número de novos casos. Etienne mencionou um aumento na transmissão no norte da Costa Rica, na fronteira com a Nicarágua, bem como na Guiana Francesa, que faz fronteira com o Brasil. Há também um aumento de casos em países vizinhos, como o Suriname. Além disso, há transmissão em curso nos estados do norte do Brasil que fazem fronteira com a Guiana e o Suriname; a região amazônica onde Venezuela, Brasil e Colômbia se cruzam; e as fronteiras entre Peru, Brasil e Colômbia.
Etienne ressaltou que a OPAS está apoiando os países "a combater a propagação da COVID-19 nas áreas fronteiriças, seja estabelecendo uma presença local ou aumentando a capacidade das autoridades locais de saúde". Citou o aprimoramento das capacidades locais em áreas fronteiriças com escritórios de campo na Amazônia, apoio a migrantes na fronteira Venezuela-Colômbia e trabalho com parceiros da ONU em um centro de triagem na fronteira Haiti-República Dominicana.
O fortalecimento dos serviços de atenção primária nas áreas de fronteira e o compartilhamento de informações através das fronteiras são etapas importantes que os países podem adotar para melhorar a resposta à COVID-19, disse Etienne. “As instalações e equipes de emergência são necessárias para apoiar a capacidade local durante a pandemia” nas comunidades fronteiriças e entre as populações transitórias. A diretora da OPAS recomendou que as informações sobre prevenção sejam compartilhadas em idiomas e formatos que várias culturas possam entender.
Etienne pediu parceria e cooperação para tratar desta questão na Região das Américas e destacou a necessidade de “solidariedade com as comunidades mais afetadas pelo vírus”.
“São migrantes e pessoas que dependem da economia informal todos os dias para sobreviver. Eles estão entre os mais vulneráveis à COVID-19 e os menos propensos a receber cuidados. Temos a responsabilidade de não deixá-los para trás” - Carissa F. Etienne, diretora da OPAS
Segundo a diretora da OPAS, o estigma e a discriminação em relação aos migrantes e outros grupos vulneráveis à COVID-19 não têm lugar em nossa região. “Nem agora, nem nunca, e especialmente em meio a uma pandemia. Conto com todos os Estados Membros para defender esses valores, para que juntos possamos derrotar nosso inimigo comum: a COVID-19.”
Considerações feitas pela diretora da OPAS (inglês)
Coletiva de imprensa sobre situação da COVID-19 nas Américas (16/06/20)