Novo guia da OPAS busca melhorar a detecção precoce e as taxas de sobrevivência do câncer infantil na América Latina e no Caribe

Várias fotos de crianças que sofreram de câncer.

Washington, D.C., 14 de fevereiro de 2025 (OPAS) — No contexto do Dia Internacional de Combate ao Câncer Infantil, celebrado em 15 de fevereiro, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) lançou um guia interativo com o objetivo de melhorar o diagnóstico precoce do câncer infantil, uma das principais causas de mortalidade entre crianças e adolescentes na América Latina e no Caribe.

“A detecção precoce não apenas aumenta as chances de cura, como também melhora significativamente a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias”, afirmou Mauricio Maza, assessor regional para câncer da OPAS. “Com essa nova ferramenta, buscamos capacitar as equipes de saúde com os recursos necessários para agir de forma rápida e eficaz", acrescentou.

Todos os anos, estima-se que cerca de 30 mil crianças e adolescentes na América Latina e no Caribe sejam diagnosticados com câncer, e quase 10 mil percam a vida em decorrência da doença. Enquanto nos países de alta renda das Américas mais de 80% das crianças com câncer conseguem se curar, nas demais nações, a média de sobrevivência é de 55%.

O guia integra a Iniciativa Global contra o Câncer Infantil, que visa reduzir as disparidades nas taxas de sobrevivência ao câncer, contribuindo para salvar mais vidas por meio da detecção precoce.

Desenvolvida pela OPAS em colaboração com o St. Jude Children’s Research Hospital, a Sociedade Latino-Americana de Oncologia Pediátrica (SLAOP), a Sociedade Internacional de Oncologia Pediátrica (SIOP) e um grupo de 130 especialistas regionais, o material oferece orientações para que os profissionais de saúde identifiquem os sinais e sintomas do câncer em suas fases iniciais.

Com uma abordagem integral, o conteúdo abrange desde a avaliação inicial até a classificação dos sintomas, indicando ações específicas conforme a gravidade do caso. Nesse sentido, a diretriz categoriza a atenção em três níveis de urgência:

  • Vermelho (Imediata): para crianças com sintomas graves, recomenda-se o encaminhamento imediato a um hospital com serviço de emergência pediátrica.
  • Amarelo (Prioritária): para casos menos urgentes, mas ainda críticos, o paciente deve ser encaminhado em um prazo de 48 a 72 horas.
  • Verde (Programada): para situações que exigem exames diagnósticos adicionais, que podem ser agendados.

“A implementação do guia não só otimizará os tempos de diagnóstico, como também contribuirá para reduzir as complicações de longo prazo associadas aos tratamentos tardios”, destacou a Liliana Vasquez Ponce, oficial técnica para câncer infantil da OPAS.

O guia também apresenta informações sobre os tipos de câncer infantil mais frequentes na região, como leucemias agudas, tumores do sistema nervoso central, linfomas, tumor de Wilms, retinoblastoma, detalhando os sintomas, os antecedentes clínicos, o exame físico e os exames complementares necessários.

Além disso, o material inclui ferramentas de apoio, como um glossário de termos médicos e recursos educativos, para que os profissionais de saúde adquiram o conhecimento necessário para aplicar as melhores práticas no diagnóstico precoce. Também foram incorporados indicadores chave de saúde pública, que servirão de referência para os ministérios da saúde e gestores hospitalares, facilitando o monitoramento e a avaliação dos programas de detecção precoce do câncer infantil.

Curso virtual de diagnóstico precoce do câncer infantil

Além do guia, a OPAS oferece um curso gratuito em seu Campus Virtual de Saúde Pública, desenvolvido para proporcionar uma formação mais aprofundada sobre o diagnóstico precoce do câncer infantil. O curso é voltado especialmente para médicos e outros profissionais de saúde, com o objetivo de fortalecer suas capacidades para identificar sinais e sintomas da doença em suas fases iniciais.

O conteúdo do curso abrange aspectos fundamentais, como fatores de risco, manejo inicial e interpretação de exames complementares, sempre com foco na atenção primária à saúde.

A OPAS também atua por meio do Fundo Estratégico para ampliar o acesso a tratamentos essenciais contra o câncer, incluindo formulações pediátricas. Em colaboração com parceiros estratégicos como OMS, St. Jude e UNICEF, a região avança em direção ao cumprimento do objetivo global de elevar a taxa de sobrevivência do câncer infantil para pelo menos 60% até 2030, com a meta de salvar um milhão de vidas de crianças e adolescentes em todo o mundo.