14 de fevereiro de 2018 – A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou a revisão de sua lista de agentes patogênicos prioritários, que podem causar uma emergência de saúde pública e para as quais não existem medidas suficientes ou contramedidas. O organismo internacional pede que a comunidade médica una esforços de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de tratamentos e vacinas para ajudar a controlar possíveis surtos de oito doenças.
Análise anual de 2018 da lista Blueprint de doenças prioritárias
A OMS desenvolveu uma ferramenta especial para determinar quais doenças e patógenos priorizar para a pesquisa e desenvolvimento em contextos de emergência de saúde pública. Essa ferramenta busca identificar as enfermidades que representam um risco para a saúde pública devido ao seu potencial epidêmico e para as quais não existem contramedidas ou medidas suficientes. As doenças identificadas por meio desse processo são o foco do trabalho de R&D Blueprint (planos de P&D). Esta não é uma lista exaustiva, nem indica as causas mais prováveis de uma próxima epidemia.
A primeira lista com doenças prioritárias para P&D foi lançada em dezembro de 2015.
Utilizando uma metodologia de priorização já publicada, a lista foi revisada pela primeira vez em janeiro de 2017.
A segunda revisão anual ocorreu entre 6 e 7 de fevereiro de 2018.
Os especialistas consideram que, dado o potencial dessas doenças e patógenos de causar uma emergência de saúde pública, além da ausência de drogas e/ou vacinas eficazes, existe uma necessidade urgente de acelerar a pesquisa e desenvolvimento para:
- Febre Hemorrágica da Crimeia-Congo;
- Doença do vírus ebola e febre hemorrágica de Marburgo;
- Febre de Lassa;
- Síndrome respiratória coronavírus do Oriente Médio (MERS) e síndrome respiratória aguda severa (SARS);
- Infecção pelo vírus Nipah e doenças relacionadas aos henipavírus;
- Febre de Vale do Rift;
- Vírus zika;
- Doença X.
A “doença X” representa o conhecimento de que uma grave epidemia internacional poderia ser causada por um patógeno atualmente desconhecido, que levaria a doenças humanas. Por isso, os planos de pesquisa e desenvolvimento buscam explicitamente habilitar a preparação de P&D transversal, que também é relevante para uma "doença X" desconhecida na medida do possível.
Uma série de doenças adicionais foram discutidas e consideradas para inclusão na lista de prioridades, entre elas: febres hemorrágicas virais, além da febre de Lassa; chikungunya; doenças causadas pelo coronavírus altamente patogênicas, além de MERS e SARS; enterovírus não polio (incluindo EV71, D68) emergentes; e febre grave com síndrome de trombocitopenia (SFTS). Essas doenças representam grandes riscos para a saúde pública e pesquisas e desenvolvimento adicionais são necessários, incluindo vigilância e diagnóstico. Devem ser vistas com cuidado e reconsideradas na próxima revisão anual. São encorajados esforços no ínterim para compreendê-las e mitigá-las.
Apesar de não estarem incluídas na lista de doenças a serem consideradas na reunião de revisão, foram discutidos os tipos de varíola dos macacos e leptospirose e especialistas ressaltaram os riscos que eles representam à saúde pública. Houve concordância sobre a necessidade de: avaliação rápida das contramedidas possíveis; estabelecimento de vigilância e diagnóstico mais abrangentes; e aceleração de pesquisas e desenvolvimento, além de ações de saúde pública.
Várias doenças estão fora do escopo atual do plano: dengue, febre amarela, HIV/aids, tuberculose, malária, gripe causadora de doenças humanas graves, varíola, cólera, leishmaniose, vírus do Nilo Ocidental e peste. Essas doenças continuam representando grandes problemas de saúde pública e pesquisas e desenvolvimento adicionais são necessários por meio das principais iniciativas de controle de doenças existentes, extensas etapas de pesquisa e desenvolvimento, fluxos de financiamento existentes ou caminhos regulatórios estabelecidos para intervenções melhoradas.
Os especialistas reconheceram, em particular, a necessidade de melhores diagnósticos e vacinas para a peste pneumônica e suporte adicional para terapias mais eficazes contra a leishmaniose. Os especialistas também notaram que:
- Para muitas das doenças discutidas, bem como para muitas outras com potencial de causar uma emergência de saúde pública, é necessário um melhor diagnóstico.
- Os medicamentos e vacinas existentes precisam de melhorias adicionais para várias das doenças consideradas, mas não incluídas na lista de prioridades.
- Qualquer tipo de patógeno pode ser priorizado sob o R&D Blueprint, não apenas vírus.
- A pesquisa necessária inclui pesquisa básica/fundamental e de caracterização, bem como estudos epidemiológicos, entomológicos ou multidisciplinares ou ainda esclarecimento adicional das rotas de transmissão, bem como pesquisa em ciências sociais.
- É necessário avaliar o valor, sempre que possível, do desenvolvimento de contramedidas para múltiplas doenças ou para famílias de agentes patogênicos.
O impacto das questões ambientais sobre doenças com potencial de causar emergências de saúde pública foi discutido e pode ser considerado como parte de futuras revisões. A importância das doenças discutidas foi considerada para populações especiais, como refugiados, populações internamente deslocadas e vítimas de catástrofes.
O valor de uma abordagem One Health foi enfatizado, incluindo processos paralelos de priorização para a saúde animal. Tal esforço apoiaria pesquisa e desenvolvimento para prevenir e controlar doenças animais, minimizando o alastramento e aumentando a segurança alimentar. Também foi observada a utilidade possível de vacinas animais para prevenir emergências de saúde pública.
Além disso, há esforços concentrados para enfrentar a resistência antimicrobiana por meio de iniciativas internacionais específicas. A possibilidade de que, no futuro, um patógeno resistente possa emergir e ser priorizado adequadamente não foi excluída.
A ordem de doenças desta lista não indica qualquer classificação de prioridade.
[Conteúdo traduzido pela Representação da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil. A versão original, em inglês, foi publicada pela sede da OMS no dia 12 de fevereiro de 2018, no seguinte link].