12 de julho de 2021 (OMS) – Dois novos relatórios complementares divulgados nesta segunda-feira (12) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) fornecem as primeiras recomendações mundiais para ajudar a estabelecer a edição do genoma humano como uma ferramenta para a saúde pública, com ênfase na segurança, eficácia e ética.
Os novos relatórios voltados para o futuro resultam da primeira consulta ampla e global voltada à edição do genoma humano somática, da linhagem germinativa e hereditária. A consulta, que durou mais de dois anos, envolveu centenas de participantes representando diversas perspectivas de todo o mundo, incluindo cientistas e pesquisadores, grupos de pacientes, líderes religiosos e povos indígenas.
“A edição do genoma humano tem o potencial de avançar nossa capacidade de tratar e curar doenças, mas o impacto total só será percebido se o implementarmos para o benefício de todas as pessoas, em vez de alimentar mais desigualdades de saúde entre e dentro dos países”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
Os benefícios potenciais da edição do genoma humano incluem um diagnóstico mais rápido e preciso, tratamentos mais direcionados e prevenção de doenças genéticas. As terapias de genes somáticos, que envolvem a modificação do DNA de um paciente para tratar ou curar uma doença, têm sido usadas com sucesso para tratar o HIV, a doença falciforme e a amiloidose por transtirretina. A técnica também pode melhorar muito o tratamento de uma variedade de cânceres.
No entanto, existem alguns riscos, por exemplo, com a edição do genoma humano da linhagem germinativa e hereditária, que alteram o genoma de embriões humanos e podem ser transmitidos às gerações subsequentes, modificando as características dos descendentes.
Os relatórios publicados oferecem recomendações sobre a governança e supervisão da edição do genoma humano em nove áreas distintas, incluindo registros de edição do genoma humano; pesquisa internacional e viagens médicas; pesquisa ilegal, não registrada, antiética ou insegura; propriedade intelectual; e educação, engajamento e empoderamento. As recomendações enfocam as melhorias no nível dos sistemas necessárias para desenvolver a capacidade em todos os países para garantir que a edição do genoma humano seja usada com segurança, eficácia e ética.
Os relatórios também fornecem uma nova estrutura de governança que identifica ferramentas, instituições e cenários específicos para ilustrar os desafios práticos na implementação, regulamentação e supervisão da pesquisa do genoma humano. A estrutura de governança oferece recomendações concretas para lidar com cenários específicos, como:
- Um ensaio clínico hipotético de edição do genoma humano somática para a doença falciforme proposto para ocorrer na África Ocidental;
- Proposta de uso de edição de genoma somática ou epigenética para melhorar o desempenho atlético; e
- Uma clínica imaginária com base em um país com supervisão mínima da edição do genoma humano hereditária que oferece esses serviços a clientes internacionais após fertilização in vitro e diagnóstico genético pré-implantação.
“Esses novos relatórios do Comitê Consultivo de Especialistas da OMS representam um salto em frente para essa área emergente da ciência”, disse a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan. “À medida que a pesquisa mundial se aprofunda no genoma humano, devemos minimizar os riscos e aproveitar as maneiras pelas quais a ciência pode levar a uma saúde melhor para todos, em qualquer lugar.”
O que vem pela frente
A OMS vai:
- Convocar um pequeno comitê de especialistas para considerar as próximas etapas para o Registro, incluindo como monitorar melhor os ensaios clínicos usando tecnologias de edição do genoma humano de interesse;
- Convocar as partes interessadas multissetoriais para desenvolver um mecanismo acessível para relatórios confidenciais de preocupações sobre pesquisa de edição do genoma humano possivelmente ilegal, não registrado, antiético e inseguro e outras atividades;
- Como parte de um compromisso para aumentar a ‘educação, envolvimento e capacitação’, conduzir webinars regionais com foco nas necessidades regionais/locais. Trabalhar dentro da Divisão de Ciência para considerar como construir um diálogo global inclusivo sobre tecnologias de fronteira, incluindo trabalho entre as Nações Unidas e a criação de recursos baseados na web para informações confiáveis sobre tecnologias de fronteira, incluindo edição do genoma humano.